São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
A noite de São Paulo é mesmo incrível

ÊIA! E o Afrika Bambaataa veio e deu um show de frescor musical no calorão da pista do Lov.e, na última terça em São Paulo. E diz que estava um inferno de calor (tanto que o DJ em si tocou com uma toalha no pescoção). E ele parecia um pai-de-santo, recebendo divas da cultura dance como Cindy Lauper (em "Time After Time"), com batidas moderníssimas. E a mistura do público estava incrível, e o chão abria para meninos e meninas se exercitarem no breakdancing que voltou à moda em todo o mundo. E esses caras sempre dão aula de diversão noturna para a gente, né? Todo mundo reclamou do calor e da lotação, mas adorou.

NOVA York, eu digo! E não é que o Contru foi lá e fechou a U-Turn, com aparato hollywoodiano de delegados, policiais (precisa quatro camburões para verificar especificações técnicas?). E o Contru parece ter uma assessoria de imprensa melhor do que a do próprio clube, já que levou para fechar o lugar mais jornalistas que o dono, Luiz Eurico Klotz, conseguiu levar para abri-lo!! Incrível! Bom, a cidade perdeu um dos sábados mais esperados do mês, e o clube ficou fechado durante a semana. Medidas de porta de emergência foram revistas, e o clube pretende abrir neste fim-de-semana, dependendo da liberação da Prefeitura. Ligue antes de sair de casa e confirme no clube: 820-0311 (r. Tapabuã, 1.463).

E quem disse que no começo do ano não acontece nada? E notícia boa! O seu, o meu, o nosso Renato Lopes retoma uma residência em São Paulo. Vai ser numa noite nova, o after-hours da Disco Fever, na madrugada de sexta para sábado. Êêêê!!! A noite se chama Atomic Fever, e Renato entra às 5h, com estréia marcada para a próxima sexta, dia 12. O som, segundo DJ, vai ficar num gênero entre house e tecno. E Renato também vai receber os amigos às quartas no Torre do Dr. Zero, a partir do fim de fevereiro. E sobre a polêmica São Paulo, terra de house?, Renato comenta: "São Paulo tem uma vida mais vibrante de música, de noite. Assim, vai por fases. Está mesmo nessa fase mais leve, mais melodiosa, com BPM mais lento. Acho ótimo. Sinal que está dando uma ventilada!".

E o Mau Mau, que, com a U-Turn, também retoma residência em São Paulo, finalmente explica a diferença entre as produções do M4J e Mau Mau em si. O M4J tem contrato de três álbuns com a gravadora Trama, então já trabalham no novo material. Dessa vez, o M4J terá mais forró e baião, enquanto ele se volta para coisas de samba mais antigos, mais sujos, clássicos. O M4J é mais melodioso, com mais teclados; Mau Mau tem mais groove, mais suingue, mais para a pista. Mau Mau toca dia 13, no Rio, no sábado de Carnaval, na festa de Fabinho Demente na Fundição. E sobre a polêmica São Paulo, terra da house?, Mau Mau comenta: "Sempre fui voltado para todo tipo de música. Na época do Hell's, tocava house também, mas parecia que eu só tocava tecno. Tocava umas coisas de deep house lá e ninguém falava disso. Agora essa coisa de retomada da house é legal, cria um buchicho. Mas sempre toquei house, sempre vou tocar".

ENQUANTO isso, os DJs do Rio se esforçam mesmo para gongar a axé music e o pagode para fora das pistas dos clubes chamados "convencionais" (não o underground), onde se chega a tocar de duas a três horas desse som, com o público atormentando os DJs com pedidos. "Isso diminui a cena", diz Marcelinho (ex-RPC), um dos 20 envolvidos no movimento de conscientização que se reuniu num churrascão semana passada em Santa Teresa, na casa de André Werneck, da Som Livre. "Estamos preocupados com a formação dos novos DJs de dance music", completa Marcelinho, que admite que o movimento cria um desconforto para quem trabalha em gravadora, mas que "não é contra os artistas" do gênero.

ENQUANTO isso, no Rio, a Banda de Ipanema saiu pela primeira vez com escolta policial. No final, um cordão de policiais fechava a banda. Tudo por causa dos imbecis (ao que consta, pertencentes à cultura jiu-jitsu) que andam batendo em gays, nessa que vem sendo uma das mais tristes características deste verão na cidade. A polícia, felizmente, está agindo em cima: Ipanema, no sábado à noite, tinha policiais às pencas, na porta dos principais redutos gays. Atenção: não é blitz, mas segurança mesmo. E domingo teve passeata da paz pela Vieira Souto, lembrando a morte do jovem Frederico, ano passado, e conclamando as pessoas para a causa de uma vida mais tranquila para todos. É isso aí.

E em março temos a volta do deus francês Laurent Garnier, que toca dia 12, em espaço ainda a definir, na festa da Ellus com a revista "On Speed" (que teve que mudar de nome porque uma marca de artigos esportivos achou que estava parecido...). E por falar em Ellus, eles fotografaram a campanha nova com a Milla e o Scott (namorado da Giselle Bundchen) em Los Angeles, numa cinematográfica casa que já serviu de locação para diversos editoriais de moda, incluindo aquele com a Kate Moss com o Testino, que também é aquela do filme "Um Convidado Bem Trapalhão", sabe aquele o Peter Sellers?

TEM que ir para a rave! Tem que se jogar! O povo da XXX-Perience faz de 13 a 15 de fevereiro, no Carnaval, 28 horas de trance e tecno. Haja saúde clubber. Vai ser ali no morro de Sorocotuba, no Guarujá, onde o Oscar fez as duas edições da Union Technotrance. Mas do lado. No som tem Feio, Rica, André Meyer, Roxy, Anderson Noise e Jason Bralli. Quem sobreviver a tudo me conta como foi...

E o Anderson Noise vai ser pai! E faz megafesta em BHz sábado, para comemorar o advento de seu filho. E o convite é o ultra-som do "Noisinho" em si. Em São Paulo, Anderson toca dia 27 de fevereiro no Lov.e in Paradise.

E o nosso André Fischer vai ser jurado do festival de Berlim! Fino! Além da mostra principal, tem a famosa panorama, que reúne a vanguarda do cinema mundial. Uma dos prêmios mais animados, claro, é o Teddy Bear, para cinema gay/lésbico. "Dentro do circuitão de festivais gays do mundo, é a maior peruca estar nesse júri", comemora Fischer.

E quem quiser ver um pouco de Afrika Bambaataa no Lov.e pode ver quinta e sexta no programa "Top Teen", o horário de música do Canal 21, agora sob comando da nossa Ruth Slinger, ex-"MTV a Go Go", videomaker e visionária sempre de plantão. De segunda a sexta, às 14h; sábado ao meio-dia.

E este ano o Carnaval do Bas-fond acontece na BASE, no mesmo esquemão de sempre, agora com a infra-estrutura do superclube. E já está garantido o blecaute de dez minutos que faz a alegria de muitos e tristeza de outros. No som, sambão, né? Ingressos a R$ 15 e R$ 20. O Bas-fond serve de prévia para o que talvez possa ser o destino da casa, transformá-la em templo gay. Cada dia teria um promoter e um perfil, mas sempre gay. É uma das possibilidades, segundo Angelo Leuzzi. Já pensou, bi???!!!

FIM-DE-SEMANA pra lá de clubber, né? Hoje tem Habitants, Edgard Scandurra; amanhã, o DJ inglês Aphrodite; domingo, tipo sunday club, tem o rei Marky Mark, Friendtronik (projeto do Xerxes, em excelente performance ao vivo, lembra na festa da coluna?), mais o mestre da percussão João Parahyba e o produtor Suba. Tudo no simpático projeto "Tribos Eletrônicas", do Loop B., no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141).

E não se esqueça: por um Carnaval na paz!

E-mail: palomino@uol.com.br


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