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TV
Beth Carmona assume presidência da emissora do Rio com projeto de ampliar produção de programas e buscar parcerias
TVE quer mudar sua imagem no mercado
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Beth Carmona, diretora da TV
Cultura de SP nos áureos tempos
do "Castelo Rá-Tim-Bum", assumiu a presidência da TVE do Rio
com o objetivo de mudar a imagem do canal no mercado. Com
uma marca mais forte, a idéia seria conseguir mais parcerias com
empresas, para não depender tanto da verba pública, e ampliar a
produção de programas.
Algumas de suas produções são
exibidas por redes de TVs públicas e educativas. A TV Cultura,
por exemplo, leva ao ar o "Observatório da Imprensa", "Conexão
Roberto D'Ávila", "Gema Brasil"
e o infantil "Turma do Pererê"
(que chega a ter mais audiência
que "Ilha Rá-Tim-Bum", de SP).
Ligada ao governo federal, a
TVE carioca recebe um repasse
anual da União de cerca de R$ 13
milhões. Desse valor, a maior parte é destinada ao pagamento de
funcionários e à manutenção, sobrando muito pouco para investimentos na programação.
Por isso Carmona, 46, pretende
reforçar o patrocínio cultural nos
programas. "Queremos tornar os
produtos da TVE fortes em todo o
Brasil. Toda a marca deverá ser
reformulada, num processo semelhante ao que ocorreu na TV
Cultura no início dos anos 90."
Ela foi uma das responsáveis pelo fortalecimento da emissora
(onde trabalhou de 1987 a 1998),
que chegou a incomodar até a
Globo com os bons resultados de
audiência da programação infantil, em especial do "Castelo". Em
razão disso, acabou sendo convidada a trabalhar no Discovery
Kids e Animal Planet, da TV paga,
em Miami. Passou ainda pelo Disney Channel e Fox Kids, antes de
voltar à TV pública brasileira.
"Essa experiência em canais pagos, globalizados, certamente será
útil em meu trabalho na TVE.
Além de pensar sobre programação, público-alvo etc., aprendi
que esse é um negócio caro, em
que os recursos têm de ser muito
bem administrados."
Cortes
Carmona tomou posse há pouco mais de uma semana, no exato
dia em que a TV Cultura anunciava o corte de mais de 200 funcionários, 18% de seu quadro. Na
TVE, ela diz que tentará evitar demissões. "Todas as emissoras estão sofrendo cortes. O setor está
em crise no mundo todo. Na TVE,
haverá uma reestruturação em todas as áreas. Estou revendo tudo,
a estrutura, a organização, a forma de trabalho, mas farei o possível para não demitir", disse.
Convidada para o cargo pelo
ministro Luiz Gushiken -da Secretaria de Comunicação Social, à
qual a TV é ligada-, Carmona
diz não acreditar que o governo
irá interferir na linha editorial.
"A opção pelo meu nome certamente foi profissional, já que não
tenho vínculos políticos. As TVs
educativas foram criadas num
contexto de regime militar, mas
os tempos mudaram, e acredito
que cada vez mais os governos
compreendem melhor o papel da
televisão e do rádio", afirmou.
Carmona ainda não definiu que
mudanças fará na programação e
calcula que dentro de dois meses
já terá traçado um novo rumo.
Paulista, ela se formou em Comunicações e Artes pela Universidade de São Paulo. É também presidente do Centro Brasileiro da Mídia e da Criança, uma organização não-governamental.
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