São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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O rei azul

Divulgação
O bluesman B.B.King, que vai se apresentar em cinco shows por quatro cidades brasileiras, na sua maior turnê pelo país


Em turnê "rodoviária", B.B. King faz 5 shows neste mês no Brasil

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

B.B. King é desses poucos sujeitos que colocam em xeque a máxima nelson-rodriguiana do "toda unanimidade é burra".
Não há quem torça o nariz para sua música no terreno que o astronauta Neil Armstrong definiu quando disse: "A Terra é azul".
Pois esse rei de outro tipo de azul, o blues, está a caminho de uma parte desse latifúndio que já se mostrou pródiga em súditos seus. No próximo dia 17, ele começa sua maior turnê pelo Brasil.
Às vésperas dos 80 anos, o bluesman americano vem ao país com nove músicos e sua "mulher", a guitarra Lucille, para dez dias e cinco shows, em quatro capitais brasileiras.
Com diversas passagens pelo Brasil, King não tem nenhuma lembrança específica do país. "Boa gente, boa comida, boa música, país bonito", são as vagas memórias que o guitarrista diz à Folha guardar daqui.
Não há floreios em sua fala, em entrevista dada por telefone, de Nashville (EUA), durante sua inesgotável turnê. Rei B.B. é ainda mais seco do que sua guitarra de poucas, precisas e agudas notas.
"É tudo muito simples. Saio do ponto "a" para o ponto "b", eu entro no hotel, durmo, toco, volto ao ônibus, quando acordo já estou chegando na próxima parada."
Será algo do gênero a visita de King ao Brasil. Sua série de shows, sob o não diminuto nome de "Turnê Tim Festival e Motorola Apresentam B.B. King" começa no dia 17, em São Paulo, com uma apresentação especial.
Com um concerto no Bourbon Street -que produziu a turnê-, ele encerra as comemorações dos dez anos da casa que ele mesmo inaugurou, no fim de 1993.
Depois o guitarrista pega o ônibus de luxo de dois andares com o qual fará o seguinte trajeto: Curitiba (18/3), Rio (20/3, para 50 mil espectadores), São Paulo de novo (24/ 3) e Brasília (27/3).
B.B. King diz que escolheu fazer o trajeto de ônibus por ter se acostumado a usar o veículo em suas últimas turnês americanas. Quer saber por quê? Terrorismo.
"Hoje fazem tanta confusão nos aeroportos e te revistam tanto por conta do terrorismo que não é mais divertido para mim. Prefiro andar nos meus ônibus."

Sem parar
Parar, puxar os freios de mão, estacionar os ônibus e ficar com os netos dos 16 filhos é quase ofensa para o bluesman. "Quem pára fica encalhado. O homem tem de manter sua mente ocupada sempre", diz o vozeirão.
Dá-lhe ocupação. King diz que tem diminuído o ritmo, que "está ficando velho". E emenda: "Em 2003 acho que só fiz 200 shows".
Nos intervalos, compõe novas músicas para 2005, quando fará oito décadas e ganhará um museu de US$ 10 milhões na sua terra natal, Indianola, no Mississippi, onde colhia algodão na infância.
Antes, ainda neste ano, têm muitos súditos a satisfazer. Camaradas como o rei Gustavo da Suécia, que lhe dará em maio um prêmio da Academia Real Sueca (ao lado do prestigiado compositor erudito húngaro György Ligeti) no mesmo auditório em que são dados os Prêmios Nobel.


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