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Arte toma Medellín e Ushuaia
Mostra na Colômbia celebra queda da violência, e cidade argentina inaugura Bienal do Fim do Mundo
A brasileira Ana Paula Cohen está na curadoria do evento colombiano; 11 artistas do Brasil irão expor sua obras na Patagônia
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste primeiro semestre, a
América do Sul é palco de duas
mostras em seus extremos com
caráter de bienal.
Na Colômbia, já teve início o
Encuentro Internacional Medellín 07 - Prácticas Artísticas
Contemporâneas, mostra que
retoma a Bienal de Medellín,
que teve sua última edição realizada em 1981.
Na Argentina, será inaugurada, no próximo dia 30, a 1ª Bienal do Fim do Mundo, já que irá
ocorrer em Ushuaia, na Patagônia, considerada a última cidade do planeta, pois é localizada
no ponto mais ao sul antes da
Antártica.
Com caráter bastante distinto, cada mostra cria novos pólos para os aficionados em arte
contemporânea.
Em Medellín, o evento se distende por seis meses, com mostras distintas em diversos locais da cidade, tendo como um
de seus curadores a brasileira
Ana Paula Cohen assim como o
colombiano José Roca, um dos
responsáveis pela última Bienal de São Paulo.
"O que propusemos foi estabelecer, de forma menos visível
e mais efetiva para a cena local,
uma relação a médio e longo
prazo com a cidade, criando um
contexto para o debate e a produção artística", afirma Cohen.
Uma das razões para a retomada da Bienal de Medellín foi,
segundo a curadora, a vertiginosa queda da violência na Colômbia: "Há uma mudança radical na política do país, que
além de repressão e controle
dos diversos grupos de atuação
política e criminosa, inclui projetos voltados à cultura e à inclusão social, como os parques
e bibliotecas, construídos em
comunidades periféricas onde
havia antes muita violência".
Em janeiro, a exposição em
Medellín teve início com
workshops nas universidades e
entrevistas com artistas publicadas num jornal.
Em fevereiro foi aberta a Casa del Encuentro, novo espaço
de arte contemporânea, com
mobiliário desenvolvido pelo
colombiano Gabriel Sierra e,
em abril, deve acontecer a parte
mais intensa do Encuentro,
quando todas as instituições de
arte terão exposições, como a
do brasileiro Cildo Meireles.
Já em Ushuaia, a Bienal terá
mais caráter de evento, com
apenas um mês de duração e
curadoria da brasileira Leonor
Amarante. A curta duração
ocorre, em parte, por conta da
diminuta população da cidade,
de cerca de 35 mil habitantes,
muitas vezes o público diário
de uma grande mostra num fim
de semana.
"Essa Bienal nasce com a
idéia da descentralização e da
radicalidade. Quando a Documenta de Kassel foi criada, numa cidade com 200 mil habitantes, houve muitas críticas,
mas desde 1972, quando Harald
Szeemann deu nova orientação
a ela, a mostra se tornou uma
referência importante", conta
Amarante.
Serão 67 artistas selecionados, sendo 11 brasileiros, e
grande parte das obras está
sendo criada para a mostra, que
se divide em três núcleos, tendo o tempo como eixo central:
Urgências Ecológicas, Que Outro Mundo é Possível, União
dos Pólos.
"Há cientistas que dizem que
o futuro está nos pólos, enquanto outros afirmam que ali
está nossa maior ameaça. Nossa intenção é que os artistas
reajam a essas questões usando
os espaços locais, como a prisão
em forma pan-óptica, a primeira que foi construída no mundo, e que deu início a população
da cidade", afirma a curadora.
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