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TELEVISÃO
Crítica
"Hotel Ruanda" nos empurra ao colonialismo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Hotel Ruanda" (TC Cult,
17h30; 12 anos) tem quase tudo
o que é necessário para um
bom filme.
Um ótimo personagem central (o gerente de hotel), uma
situação dramática (as guerras
tribais africanas, com seus
massacres cruéis), uma atitude
heroica, quase insana (a do gerente, que protege os tutsis,
perseguidos pela milícia hutu
no país).
Temos assim a história de
um homem que se sobrepõe às
limitações humanas, que se caracteriza como um real herói
(tanto mais que temos aqui
uma história "baseada em fatos
reais"). Uma bela história. Mas
não um filme imortal.
Por quê? Os motivos são
muitos.
Um deles: esse africano tão
ocidental (com gravata e tudo)
apenas enfatiza, com seus modos, a barbárie africana. Ele é
um homem da paz, do Ocidente. Os negros são especialistas
em se trucidarem.
Por esse viés, o de um belo,
insofismável tema humanista,
nos empurra, sub-repticiamente, as razões e virtudes do
velho colonialismo.
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