|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sesc da avenida Paulista vai ficar fechado até 2012
Endereço, que já foi ocupado por escritórios e desde 2006 recebe forte programação de artes cênicas, será reformado
Instituição também programa inauguração de seu maior espaço em área construída, no Belenzinho, em novembro
GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unidade Provisória Sesc
Avenida Paulista vai enfim fazer jus ao próprio nome. Se
chamavam de provisória é porque um dia ia ter fim. Dito e feito: o edifício, que desde 2006
recebe programação cultural
de grande movimentação e
acento nas artes cênicas, fecha
para reforma no dia 31 de março e só deve voltar a abrir as
portas em 2012.
Encerra-se com a unidade
provisória a proposta de destinar a fins artísticos uma arquitetura de escritórios, de pés-direitos baixos e ambientes cercados por uma ampla fachada
de vidro. "As limitações daquele espaço acabaram servindo
como estímulo para muita criação", diz Antônio Araújo, diretor do Teatro da Vertigem. O
grupo, que por hábito utiliza espaços não convencionais da cidade, está em cartaz no endereço com a peça "Kastelo", encenada em andaimes na parte externa do prédio.
Outro exemplo de ocupação
da unidade foi a peça "O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste
Mundo", dirigida por Jefferson
Miranda em 2007. A direção
artística de Flávio Graff montou no décimo andar um deque
com 300 mª de tábuas de demolição sob um tronco de flamboyant que carregava 15 mil flores de cerejeira suspensas sobre o público.
Déjà-Vu
A notícia do fechamento divulgada pelo Sesc traz à classe
teatral paulistana uma sensação de déjà-vu. Em 2006, o encerramento das atividades do
Sesc Belenzinho também pôs
ponto final numa espécie de
namoro com artistas que ocuparam espaços arquitetônicos
projetados para outro fim.
Inesquecível, por exemplo, o
"Esperando Godot" de Gabriel
Villela, encenado em uma espécie de poço de armazenar óleo.
A boa notícia é que o Sesc Belenzinho deve voltar a funcionar em novembro, depois de reforma, ainda que desprovido de
qualquer resquício da planta
original. "Muita gente pediu
para manter uma ruína, aquela
parede descascada, que tem um
charme. Mas, se dá para potencializar o espaço, temos obrigação de fazê-lo, para atender
muito mais gente", diz Danilo
Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.
Será a maior unidade do Sesc
em área construída, com três
salas para artes cênicas, sendo
uma delas em palco italiano,
com fosso generoso e plateia dividida em dois andares.
Segundo Santos de Miranda,
o Sesc não tem planos de transferir a programação do Sesc
Avenida Paulista -que fechou
2009 com um total de 609
apresentações de teatro, vistas
por 41.210 pessoas- para apenas uma unidade. "Outras unidades têm condições de abrigar
algumas coisas. Isso implica algum sacrifício, mas vai ser por
um tempo só."
O "Primeiro Sinal", projeto
que apresenta artistas em início de carreira, é um dos que ficam por ora sem casa.
Segundo a assessoria de imprensa do Sesc, no entanto, trata-se de um projeto que a instituição pretende manter na programação.
A programadora que esteve à
frente tanto da grade cultural
do Sesc Belenzinho como da do
Sesc Avenida Paulista, Elisa
Maria Americano Saintive, foi
transferida no início do ano para a unidade da Pompeia. Sinais
de que pode ser criada ali uma
nova casa de pesquisa de linguagem dentro das artes cênicas. Um possível pontapé nessa
investida é a estreia de "O Idiota", baseado na obra de Dostoiévski e dirigido por Cibele
Forjaz.
Texto Anterior: Músico foi eleito o nº1 da guitarra Próximo Texto: Espetáculo propõe discussão sobre psicanálise em elevador prestes a cair Índice
|