São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2010

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Sesc da avenida Paulista vai ficar fechado até 2012

Endereço, que já foi ocupado por escritórios e desde 2006 recebe forte programação de artes cênicas, será reformado

Instituição também programa inauguração de seu maior espaço em área construída, no Belenzinho, em novembro


GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista vai enfim fazer jus ao próprio nome. Se chamavam de provisória é porque um dia ia ter fim. Dito e feito: o edifício, que desde 2006 recebe programação cultural de grande movimentação e acento nas artes cênicas, fecha para reforma no dia 31 de março e só deve voltar a abrir as portas em 2012.
Encerra-se com a unidade provisória a proposta de destinar a fins artísticos uma arquitetura de escritórios, de pés-direitos baixos e ambientes cercados por uma ampla fachada de vidro. "As limitações daquele espaço acabaram servindo como estímulo para muita criação", diz Antônio Araújo, diretor do Teatro da Vertigem. O grupo, que por hábito utiliza espaços não convencionais da cidade, está em cartaz no endereço com a peça "Kastelo", encenada em andaimes na parte externa do prédio.
Outro exemplo de ocupação da unidade foi a peça "O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo", dirigida por Jefferson Miranda em 2007. A direção artística de Flávio Graff montou no décimo andar um deque com 300 mª de tábuas de demolição sob um tronco de flamboyant que carregava 15 mil flores de cerejeira suspensas sobre o público.

Déjà-Vu
A notícia do fechamento divulgada pelo Sesc traz à classe teatral paulistana uma sensação de déjà-vu. Em 2006, o encerramento das atividades do Sesc Belenzinho também pôs ponto final numa espécie de namoro com artistas que ocuparam espaços arquitetônicos projetados para outro fim. Inesquecível, por exemplo, o "Esperando Godot" de Gabriel Villela, encenado em uma espécie de poço de armazenar óleo.
A boa notícia é que o Sesc Belenzinho deve voltar a funcionar em novembro, depois de reforma, ainda que desprovido de qualquer resquício da planta original. "Muita gente pediu para manter uma ruína, aquela parede descascada, que tem um charme. Mas, se dá para potencializar o espaço, temos obrigação de fazê-lo, para atender muito mais gente", diz Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.
Será a maior unidade do Sesc em área construída, com três salas para artes cênicas, sendo uma delas em palco italiano, com fosso generoso e plateia dividida em dois andares.
Segundo Santos de Miranda, o Sesc não tem planos de transferir a programação do Sesc Avenida Paulista -que fechou 2009 com um total de 609 apresentações de teatro, vistas por 41.210 pessoas- para apenas uma unidade. "Outras unidades têm condições de abrigar algumas coisas. Isso implica algum sacrifício, mas vai ser por um tempo só."
O "Primeiro Sinal", projeto que apresenta artistas em início de carreira, é um dos que ficam por ora sem casa.
Segundo a assessoria de imprensa do Sesc, no entanto, trata-se de um projeto que a instituição pretende manter na programação.
A programadora que esteve à frente tanto da grade cultural do Sesc Belenzinho como da do Sesc Avenida Paulista, Elisa Maria Americano Saintive, foi transferida no início do ano para a unidade da Pompeia. Sinais de que pode ser criada ali uma nova casa de pesquisa de linguagem dentro das artes cênicas. Um possível pontapé nessa investida é a estreia de "O Idiota", baseado na obra de Dostoiévski e dirigido por Cibele Forjaz.


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