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Crítica/ "Coração Louco"
Filme homenageia produção independente dos anos 70
De baixo orçamento, longa aposta em história minimalista e na força dos atores
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
"Coração Louco" é
um pequeno grande filme. Rodado
em 24 dias, com um elenco reduzido e baixo orçamento, o filme resgata um estilo de fazer
cinema que parecia sumido de
Hollywood há um bom tempo.
Desde já, uma das grandes surpresas do ano.
Jeff Bridges interpreta Bad
Blake, um astro decadente da
música country. Blake é alcoólatra e viaja o país tocando em
espeluncas vazias e vivendo de
glórias passadas. Até que conhece a jornalista Jean (Maggie
Gyllenhaal), pelo menos 20
anos mais nova, por quem se
apaixona. O romance faz Blake
repensar sua vida e carreira.
"Coração Louco" é um filme
deslocado no tempo. Quem admira o cinema mais alternativo
que saía de Hollywood nos anos
70 e 80, com suas histórias contadas de forma minimalista, vai
se surpreender. Não é à toa que
o diretor Scott Cooper se diz influenciado por filmes como
"Terra de Ninguém" (Terrence
Malick, 1973), "Nashville" (Robert Altman, 1975) e "A Última
Sessão de Cinema" (Peter Bogdanovich, 1971).
"Coração Louco" tem um estilo econômico e um ritmo lento que parecem fora de moda,
mas que são, na verdade, a sua
maior força. Sem grandes invencionices de roteiro, o diretor Scott Cooper dá espaço para
que brilhem os atores e a história. Não por acaso, Jeff Bridges
e Maggie Gyllenhaal foram indicados ao Oscar.
Bridges, há 40 anos um dos
atores mais silenciosamente
brilhantes do cinema, interpreta um homem cansado, que já
viveu muito e intensamente.
Seu personagem é um "bad
boy" clássico do cinema americano, interpretado com economia e sutileza admiráveis. Bridges é o favorito absoluto para
levar o Oscar de melhor ator.
Difícil acreditar que um filme
com tantas qualidades foi escrito e dirigido por um estreante.
Por quase 20 anos, Scott Cooper, 39, teve uma carreira de
ator sem nenhum brilho. Agora, parece ter encontrado a sua
vocação com "Coração Louco",
em que demonstra um grande
talento para escrever diálogos
tocantes e cenas memoráveis.
No filme, Cooper presta ainda uma bonita homenagem a
Robert Duvall, um ícone do cinema americano dos anos 70.
Duvall, que produziu "Coração
Louco", faz uma ponta como
um amigo de Bad Blake. Curioso lembrar que Duvall ganhou
um Oscar por "A Força do Carinho" ("Tender Mercies", 1983),
interpretando um personagem
muito parecido com Bad Blake.
Quem sabe a história não se repete com Jeff Bridges?
CORAÇÃO LOUCO
Diretor: Scott Cooper
Produção: EUA, 2009
Com: Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal e
Robert Duvall
Onde: Espaço Unibanco Augusta, Kinoplex Itaim e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: ótimo
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