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TELEVISÃO CRÍTICA
Estréia de Jô poderia ter sido melhor
LUIZ CAVERSAN
da Reportagem Local
O horário foi o mesmo, os bordões foram os mesmos ("Daqui a
pouco a gente volta..."), a pegadinha no braço do entrevistado foi a
mesma, o conjunto musical foi o
mesmo. Até o garçom foi o mesmo, embora o logotipo da caneca
tenha mudado, na reestréia de Jô
Soares da TV Globo, no início da
madrugada de ontem.
Um pouco mais glamouroso,
certamente, devido aos recursos
da mais poderosa rede de TV do
país, o "Programa do Jô" seguiu
rigorosamente a fórmula consagrada no anterior "Jô Onze e
Meia", no SBT. Quem gostava
adorou, e quem não gostava não
encontrou motivos para uma
mudança radical de opinião.
Talvez tenha ficado um pouco
mais aliviado, esse espectador renitente, com o fato de Jô ter fechado a matraca. Já havia um bom
tempo, no SBT, que ele falava
mais que o entrevistado. Ontem,
perguntou e ouviu, embora não
resistisse vez ou outra a dizer o
que achava de tudo aquilo.
O "aquilo" da estréia foi populista-institucional. Duas unanimidades telenovelísticas (o casal
Tarcísio Meira e Glória Menezes),
uma unanimidade futebolística
(o goleiro Dida) e uma unanimidade da própria Globo, o seu proprietário, Roberto Marinho, tratado de dr. até pelo presidente da
República, mas chamado de você
na intimidade de Jô.
Por fim, a suposta unanimidade
do samba, representado por duas
gerações: a cantora Marisa Monte
e os simpáticos velhinhos da Velha Guarda da Portela.
Se o programa terá fartos recursos jornalísticos, esses não foram
empregados na estréia.
Mas o riquíssimo arquivo da
emissora foi ativado para dourar
a pílula do galã Meira. O joelho de
Dida, no entanto, impediu que
houvesse uma brincadeira programada (ele tentaria defender
um pênalti cobrado pelo ex-jogador Sócrates). E o samba de Marisa e dos portelenses garantiu o balanço do fim da noite -para
quem gosta do gênero, claro.
Sem ousadias ou revoluções,
portanto: o programa do Jô Soares, na estréia, foi apenas o programa do Jô Soares.
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