São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2000


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HEINEKEN FESTIVAL
Programação desvenda mundos musicais

Divulgação
O cantor Claude Sicre e o DJ Ange B, do grupo francês Fabulous Trobadors, que se apresentam hoje no Heineken


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local


Demorou, mas parece que o brasileiro já está abrindo os ouvidos para outros mundos musicais (e não apenas para o anglo-saxão). Uma prova disso é a eclética programação do Heineken Concerts 2000, que começa hoje em São Paulo.
Ao contrário de grande parte dos eventos musicais, que se pautam em atrações norte-americanas e inglesas, a programação do Heineken este ano forma um leque multiétnico raramente visto no Brasil, com atrações provenientes de lugares como França, Madagascar, Mali, Argélia, Camarões, Cabo Verde, Cuba, Holanda, Alemanha, EUA e Brasil (veja a programação completa no quadro ao lado).
A programação traz ainda outra característica curiosa, além de seu peculiar direcionamento estilístico. Da mesma forma que o Brasil já se interessa por canções árabes, cubanas ou da África negra, algumas atrações internacionais estão intimamente ligadas ao país, embora o Brasil nem saiba disso.
É o caso do grupo francês Fabulous Trobadors, que se apresenta hoje no Tom Brasil. Formado pela dupla Claude Sicre e Ange B, seu repertório é totalmente calcado em ritmos nordestinos, como embolada, coco, forró, maracatu e repente (leia abaixo entrevista com o vocalista Claude Sicre).
A cantora holandesa de jazz Fleurine, que se apresenta na sexta, no teatro Alfa, acompanhada pelo pianista Brad Mehldau, também vem namorando a música brasileira. Fleurine estudou português com a também cantora Lilian Vieira (vocalista do excelente grupo Zuco 103), interpretou canções brasileiras em um bar em Amsterdã no início dos anos 90 e, em 1996, gravou seu primeiro disco, "Meant to Be", com canções suas em português. Seu disco mais recente, "Close Enough for Love" (EmArcy/Universal), traz mais composições em português.
Das atrações internacionais, porém, quem está mais próxima do Brasil ainda é a cantora cabo-verdiana Cesaria Évora, que fecha o Heineken com um concerto sábado no teatro Alfa.
Além de cantar suas mornas em português (ou melhor, em dialeto cabo-verdiano, que junta ao português muitos termos africanos e franceses), Cesaria Évora tem se apresentado aqui com frequência.
Em seu último disco, "Café Atlântico", cantou semelhanças de seu país natal com o Brasil e gravou uma das faixas com Marisa Monte: "É Doce Morrer no Mar", de Dorival Caymmi e Jorge Amado, com arranjo de Jacques Morelenbaum.

Hoje
Além do insólito Fabulous Trobadors, a lista de convidados internacionais do pernambucano Lenine para o show de abertura do Heineken hoje à noite traz ainda o acordeonista de Madagascar Regis Gizavo e o baixista camaronês (um tanto quanto americanizado) Richard Bona.
A lista de convidados brasileiros parece a própria família de Lenine, já que inclui conterrâneos seus (como o sanfoneiro Dominguinhos e a dupla de repentistas Caju e Castanha), parceiros (como o pandeirista Marcos Suzano), músicos de sua banda e amigos, como o músico Marcelo Bernardes (sax, flauta e clarinete).
No Bourbon Street, as atrações são menos étnicas e mais jazzy.
A pianista Carla Bley e o baixista Steve Swallow apresentam um repertório eclético, com influências de gospel e rock. O violonista paulista Paulo Bellinati será o representante brasileiro na noite.


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