MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Com a passagem dos 40 anos do golpe que instaurou o regime militar no Brasil, o depoimento de testemunhas essenciais do cenário político da época torna-se ferramenta indispensável para a compreensão do período. Pela memória de alguns, histórias alcançam os ouvidos de muitos e erige-se a história de um país.
Hoje, às 22h, o programa "Sintonia", da TV Câmara, convida o jornalista, escritor e colunista da Folha Carlos Heitor Cony para relembrar o que viu, sentiu e guardou dos acontecimentos de 1964.
Com duas obras sobre o período sendo lançadas atualmente -o inédito "A Revolução dos Caranguejos" (Companhia das Letras) e o relançamento de "O Ato e o Fato" (Objetiva), publicado pela primeira vez em 64-, o intelectual se credencia por ter sido um dos primeiros críticos da escalada das casernas ao poder. À época, Cony, 78, era cronista do jornal carioca "Correio da Manhã".
Apresentado pelo jornalista Inimá Simões, o programa com Cony se divide em duas partes: uma mais política, que vai ao ar hoje, e a segunda, que aborda assuntos sobre cultura em geral, a ser exibida pela emissora na segunda-feira que vem.
Na primeira metade, Cony recorda episódios que precederam o golpe dos militares e lança luz sobre acontecimentos posteriores menos divulgados; entre esses, figura, por exemplo, o uso de aviões da Aeronáutica na eliminação em alto-mar dos opositores do regime de então.
O jornalista comenta também a prisão à qual foi submetido por estar entre os intelectuais que xingaram o presidente Castello Branco, e fala ainda sobre o episódio em que lhe foi proposto participar da resistência armada à ditadura.
Já no programa da próxima semana, a conversa girará em torno de outros assuntos dominados por Cony: literatura e jornalismo.