São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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BIA ABRAMO

"Lost" encontra "Arquivo X" em "Fringe"


Série traz investigação de fenômenos no limite entre a ciência e a imaginação
COMEÇA COM um acidente intrigante em um avião -os ecos de "Lost" não são por acaso, uma vez que "Fringe" é criada e dirigida por J.J. Abrams, o homem por trás da ilha misteriosa e de outras séries de sucesso como "Alias".
Teorias conspiratórias, mistérios com explicações complexas e, é claro, acontecimentos no limite entre a ciência e a imaginação ("fringe", em inglês, pode ser traduzido como franja, borda) remetem a "Arquivo X", a série que redefiniu o suspense, o horror e a ficção científica (havia de tudo um pouco lá) na TV dos anos 90.
Nesse cruzamento, está "Fringe", que a Warner vem exibindo às terças-feiras, às 22h. A investigação a respeito do acidente com o avião, que chega com todos os passageiros e a tripulação mortos, e os enigmas daí advindos juntam um trio formado por uma agente do FBI, um cientista literalmente louco (está em um hospício) e seu filho mais ou menos vagabundo e charmoso.
Em termos demográficos, tem de tudo. Há uma mulher forte, inteligente e decidida, há um jovem com um permanente sorriso irônico nos lábios e tiradas espertas, ritmo policial e aquilo que passou a ser, de certa maneira, a obsessão contemporânea das séries: um gênio com inteligência sobre-humana para resolver mistérios impenetráveis.
Não pode ser lá muita coincidência que, neste mundo tão mergulhado de informação acessível e de saber compartilhado criado pelas novas tecnologias, as séries apelem para a ideia da diferença de uma inteligência superior, seja a capacidade quase clarividente do dr. House, a intuição agudérrima de Patrick Jane em "The Mentalist" ou a ciência espetacularmente avançada do dr. Walter Bishop de "Fringe".
É uma espécie de novo heroísmo que delineia: não o da ação, nem o da superioridade moral, mas o do cérebro superdotado, capaz de ir aonde nenhum homem comum ousa ir. No caso de "Fringe", é claro, só o cérebro não vai bastar: é preciso que ele esteja secundado pela capacidade de ação dos agentes do FBI para vencer Nina Sharp, a vilã quase caricata (pelo menos por ora).
Apesar disso, "Fringe" traz aquele coquetel sempre atraente para alguns: segredos que o "governo" quer esconder do cidadão comum pela ameaça potencial à estabilidade, insinuações de presença alienígena, paranormalidade etc.
Resta ver se ela estará à altura do que sugere, ou seja, se ela será tão boa para explicar quanto para criar os enigmas -que é onde costumam escorregar as séries desse tipo, vide as matrizes "Lost" e "Arquivo X".

biabramo.tv@uol.com.br


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