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ANÁLISE
Desenhos feitos por crianças grandes
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
A invasão dos desenhos animados "para adultos" que infesta a
TV americana -e mundial- nesta década é decorrência natural da
formação dos malucos que estão
tendo chance de mostrar seus personagens ao planeta.
Desde os anos 40, auge criativo
dos estúdios de animação da Warner, os criadores de desenhos eram
adultos que buscavam referências
infantis para bolar seus trabalhos.
Agora, os responsáveis por Beavis, Butt-Heads, Barts e amigos são
crianças grandes, que não precisaram amadurecer. Trabalham com
animação desde a adolescência e
nunca tiveram a preocupação de
encarar a "vida adulta".
Resultado: a estupidez sem barreiras de "Beavis & Butt-Head", a
família virada de ponta-cabeça
chamada "Simpsons", a boçalidade de "O Rei do Pedaço" e a fúria
agressiva de "South Park".
A morte é banalizada ao extremo
-e Kenny é o símbolo dessa banalização, morrendo em todos os
episódios de "South Park".
O sexo está no topo das prioridades, seja para os virgens Beavis e
Butt-Head ou para os garotos de
"South Park", mais virgens ainda.
Não sabem o que fazer com as mulheres, mas falam delas o tempo inteiro. Já o personagem principal de
"O Rei do Pedaço" fala delas como
um erro da natureza.
O julgamento desses desenhos
revela diferenças. "Simpsons" é
genial, radiografia implacável da
família. Matt Groening domina como poucos o absurdo do homem.
"Beavis & Butt-Head" teve graça
no primeiro ano, caindo na armadilha dos roteiros fracos.
"O Rei do Pedaço" mostra mais
ou menos o que seria um Beavis
adulto, e a coisa só piora.
"South Park" tem uma estética
gráfica revolucionária, mas fica
perdido em sua iconoclastia.
Por tudo isso, divertido mesmo é
"A Vaca e o Frango".
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