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TEATRO
"Corações Partidos..." estréia em evento em SP
Manifesto cultural é lançado em peça
da Reportagem Local
Um ateliê, um DJ, um dramaturgo. Poemas, corações partidos
e cachorras. Tudo em nome de
um manifesto, "Guerrilha Cultural Urbana".
Hoje, a noite é de protesto e arte
numa casa do bairro paulistano
de Pinheiros. É lá que o DJ Eugenio Lima, da Cia. Unidade Móvel,
bradará o manifesto de sua autoria que critica "generalizações e
unanimidades" da cena cultural.
É noite ainda para a nostalgia
precoce de "Opus Profundum", a
segunda perna da trilogia do Rebento (com "Perpétua" e "Desembest@i!"), criada pelo dramaturgo-ator Dionísio Neto, entre 96
e 97, que impregna a sua nova peça, "Corações Partidos e Contemplados de Horizontes".
Como aquela, esta também se
enquadra no oceano "peça-festa-manifesto-show". Mas agora em
formato pocket-show, que depois
percorrerá bares e casas noturnas
afins.
E as "cachorras" do primeiro
parágrafo? São Fabiana Prado,
Melina Anthis e Márcia Bechara.
Elas formam a Cia. Cachorra, que
interpreta três "monólogos" costurados por Neto.
Em cerca de 15 minutos, desfilam sobre desajustes amorosos e
resoluções existenciais, sob o
ponto de vista das mulheres.
Numa das conversas, uma personagem brinda a decisão da busca interior para amenizar o curso
da vida. "Em paz com minha solitude, eu penso em quantas palavras eu poderia passar a tarde dizendo para despistar a minha solidão e dar a ela nomes menos
desconhecidos, até eu pensar que
é outra coisa que sinto quando
você não está aqui comigo."
"O formato é muito parecido
com as peças curtas que Brecht fazia nos cabarés alemães", compara Neto. A performance foi concebida para interagir em espaços
onde o público, por convenção,
está reunido para se entreter de
outras formas, que não necessariamente teatro. "A idéia é divertir, estabelecer uma comunicação
direta com o público", explica a
atriz Fabiana Prado, 29.
O DJ Eugenio Lima trabalha
com releituras de John Coltrane e
Miles Davis. Os músicos Max de
Castro e Péricles Cavalcanti também endossam o projeto.
Sobre o conteúdo do manifesto,
Lima diz que sua intenção é questionar "por que toda ação artística
tem de ter um curador e um mecenas para definir o que é economicamente viável".
(VALMIR SANTOS)
Evento: Guerrilha Cultural Urbana
Quando: hoje, às 22h
Onde: ateliê improvisado (av. Henrique Schaumann, 424-A, Pinheiros, s/tel.)
Quanto: R$ 3
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