São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2000


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TEATRO
"Corações Partidos..." estréia em evento em SP
Manifesto cultural é lançado em peça

da Reportagem Local

Um ateliê, um DJ, um dramaturgo. Poemas, corações partidos e cachorras. Tudo em nome de um manifesto, "Guerrilha Cultural Urbana".
Hoje, a noite é de protesto e arte numa casa do bairro paulistano de Pinheiros. É lá que o DJ Eugenio Lima, da Cia. Unidade Móvel, bradará o manifesto de sua autoria que critica "generalizações e unanimidades" da cena cultural.
É noite ainda para a nostalgia precoce de "Opus Profundum", a segunda perna da trilogia do Rebento (com "Perpétua" e "Desembest@i!"), criada pelo dramaturgo-ator Dionísio Neto, entre 96 e 97, que impregna a sua nova peça, "Corações Partidos e Contemplados de Horizontes".
Como aquela, esta também se enquadra no oceano "peça-festa-manifesto-show". Mas agora em formato pocket-show, que depois percorrerá bares e casas noturnas afins.
E as "cachorras" do primeiro parágrafo? São Fabiana Prado, Melina Anthis e Márcia Bechara. Elas formam a Cia. Cachorra, que interpreta três "monólogos" costurados por Neto.
Em cerca de 15 minutos, desfilam sobre desajustes amorosos e resoluções existenciais, sob o ponto de vista das mulheres.
Numa das conversas, uma personagem brinda a decisão da busca interior para amenizar o curso da vida. "Em paz com minha solitude, eu penso em quantas palavras eu poderia passar a tarde dizendo para despistar a minha solidão e dar a ela nomes menos desconhecidos, até eu pensar que é outra coisa que sinto quando você não está aqui comigo."
"O formato é muito parecido com as peças curtas que Brecht fazia nos cabarés alemães", compara Neto. A performance foi concebida para interagir em espaços onde o público, por convenção, está reunido para se entreter de outras formas, que não necessariamente teatro. "A idéia é divertir, estabelecer uma comunicação direta com o público", explica a atriz Fabiana Prado, 29.
O DJ Eugenio Lima trabalha com releituras de John Coltrane e Miles Davis. Os músicos Max de Castro e Péricles Cavalcanti também endossam o projeto.
Sobre o conteúdo do manifesto, Lima diz que sua intenção é questionar "por que toda ação artística tem de ter um curador e um mecenas para definir o que é economicamente viável".
(VALMIR SANTOS)


Evento: Guerrilha Cultural Urbana
Quando: hoje, às 22h
Onde: ateliê improvisado (av. Henrique Schaumann, 424-A, Pinheiros, s/tel.)
Quanto: R$ 3


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