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Criador do gato preguiçoso da HQ diz que gosta das segundas-feiras e que o trabalho nunca o assustou
Garfield, o carioca
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Vinte e cinco anos de vida mansa, comendo do bom e do melhor,
dormindo até tarde e, de quebra,
recebendo o agrado de milhões de
fãs no mundo inteiro. Garfield, o
gato, não faz nada para merecer
isso, mas alguém tem que botar a
mão na massa por ele -e não se
trata de uma travessa de lasanha.
"Também não sou muito chegado a um cooper, mas gosto das
segundas-feiras. Tendo nascido e
sido criado em uma fazenda, sempre adorei acordar cedo para fazer
as tarefas do dia, o trabalho nunca
me assustou", diz Jim Davis, 57,
criador das tirinhas do gato publicadas pela primeira vez em 19 de
junho de 1978.
De lá para cá, Garfield já igualou
Snoopy e é hoje a tira dos EUA de
maior distribuição mundial, com
publicação em 111 países, venceu
quatro Emmys de desenho animado e, no final deste ano, deve
chegar finalmente aos cinemas.
Publicadas diariamente na Ilustrada, as tiras de Garfield e seu fiel
dono, Jon Arbuckle, têm sua longa vida sustentada num simples
binômio: comer e dormir, tão felino quanto humano. "As pessoas
se vêem nas tiras. Todo mundo é
um pouco preguiçoso e gosta de
comer aquele tantinho a mais. No
meu caso, acabei de sair de uma
dieta e, quando isso acontece, coloco Garfield de dieta também",
confessa "Big Guy" Davis, como o
desenhista é conhecido em seu estúdio, Paws Inc., e que em sua última luta contra a balança deixou
15 kg para trás -dos usuais 105
kg para 90 kg.
"Os grandes humoristas sempre
lidaram com relacionamentos
pessoais", defende Davis, seguidor dos ensinamentos de Charles
Schulz, Mort Walker - "nós dois
somos chamados de cartunistas
dos pés grandes"- e fã declarado
do brasileiro Maurício de Sousa.
"Ele é maravilhoso. Acho "Mônica" uma das melhores tiras do
mundo. Ela não é só uma garotinha, ela é todo mundo. É uma
personagem muito sólida não
apenas no traço mas na escrita."
Em um acordo com a Davis Entertainment ("Dr. Doolittle") e a
Fox ("X-Men", "Homem-Aranha" etc.), o gato de Jon vai contracenar pela primeira vez com
atores de verdade, em sua estréia
nas telonas programada para 19
de dezembro deste ano.
Supervisionada de perto por
Jim Davis, a adaptação cinematográfica de Garfield, único do filme
que será totalmente criado por
computador, já tem no elenco a
presença garantida dos humanos
Breckin Meyer, como Jon, e Jennifer Love-Hewitt, como a personagem Liz. Usando uma tecnologia semelhante à do recente
"Scooby-Doo", a produção tem
ainda roteiro do "Toy Story" Joel
Cohen e direção de Peter Hewitt.
"Acabou a fase de fotografia.
Agora é que vai começar o mais
difícil: criar Garfield em um computador e fazê-lo atuar como um
animal vivo. Será certamente a
versão mais realista dele."
Aproveitando o embalo das
adaptações dos super-heróis da
Marvel? "Nada, já fizemos numa
época umas histórias de Garfield e
[o cãozinho" Odie como super-heróis, mas a indústria dos quadrinhos hoje não é mais tão forte
quanto já foi. O Garfield não funciona muito bem numa revista de
quadrinhos", analisa o cartunista,
que, garante, jamais pensou em
matar o gato.
"Ainda sinto que estou só começando, sempre acho que num
dia desses ainda acerto a mão. Lidar com humor é sempre um desafio, você nunca está completamente satisfeito com o que está fazendo. O segredo é estar sempre
trocando de chapéu, trabalhando
numa semana com as tirinhas, em
outra com o filme, em outra com
projetos de licenciamento etc.",
conta Davis, que, entre outros lugares bizarros, já viu seu personagem estampado até em palitos de
comida japonesa. Por aqui, seria o
"registro de cidadania": "O Brasil
sempre teve uma boa relação com
o Garfield, talvez pelo amor às
coisas boas da vida. Soube até que
sou considerado carioca no Rio".
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