|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Livro detalha relações de Clark Gable com homens
Biografia lançada nos EUA narra casos do galã com poderosos de Hollywood
À Folha, autor de "Clark Gable - Tormented Star" diz que astro "era oportunista" e "transava com todo mundo que pudesse interessar"
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Clark Gable descrito como
"jovem, vigoroso e brutalmente
masculino" pelo "New York Times", quando em cartaz num
teatro da cidade, ouviu um baita desaforo ao se separar da primeira mulher: "É bom você ser
o melhor ator que puder, porque jamais será um homem".
Acontece que Dillon era uma
lésbica 20 anos mais velha do
que o astro que se tornou a imagem da virilidade em Hollywood, depois de "...E o Vento
Levou" (1939). Era um casamento de fachada.
E Gable -o Rhett Butler que
fez a cabeça de Scarlett O'Hara
e de todas que acompanharam
sua saga-, bem menos viril, teria subido a escada da fama pagando com o próprio corpo; ou
seja, indo para a cama com poderosos de Hollywood para
chegar aonde queria.
A história está em "Clark Gable - Tormented Star" (astro
atormentado), do britânico David Bret, livro recém-lançado
nos EUA e já criticado ferozmente pelo "New York Times".
É mais uma das dezenas de biografias sobre o ator, mas a primeira a narrar detalhes de sua
vida sexual -com homens.
"Gay for pay"
"Ele era másculo, mas gostava de ser o passivo em relações
com outros homens", afirmou
Bret em entrevista à Folha, por
telefone, de Londres. "Era um
oportunista, na verdade, o que
chamo de "gay for pay". Transava com todo mundo que pudesse interessar para sua carreira."
Gable não foi o único astro
de Hollywood a esconder relações homossexuais numa época em que ser gay era considerado doença. O mesmo fizeram Cary Grant e Gary Cooper, entre outros. Até Humphrey Bogart, astro de "Casablanca", pode ter estado entre entre os
simpatizantes demais.
Mas Bret, autor que já biografou Joan Crawford, Rudolph Valentino e outros personagens de "sexualidade ambígua", ancora sua narrativa na
promiscuidade do ator.
"O que me intriga e incomoda é o fato de ele manter relações com vários homens e,
quando não precisava mais deles, dizia que eram gays", conta
Bret, que, mais do que outros
biógrafos, ressalta os pontos
menos atraentes de Gable: o
mau hálito, os dentes estragados, o jeito destrambelhado e a
voz efeminada -sua primeira
mulher o aconselhou que vivesse gritando para transformar o timbre delicado na rouquidão sedutora que o marcou.
Filho de um rude trabalhador em campos de petróleo,
Gable foi alvo da ira do pai, que
o chamou de "bicha" quando
ele quis estudar música e teatro. Seu biógrafo, Bret, foi adotado por um minerador de carvão que também reprovava sua
inclinação para as artes.
Biógrafo e biografado
"Ele teve uma infância muito
parecida com a minha, era considerado estranho pelo resto da
família", diz Bret, que afirmou
ser gay, reconhecendo que isso
sempre orientou sua pesquisa.
Mas, se a vida do autor pode
ter enviesado o olhar sobre Gable, ele garante não faltar indícios que sustentem a imagem
que pinta em seu livro. Ao contrário da versão oficial de que
George Cukor, cotado para dirigir "...E o Vento Levou", teria
cedido o posto a Victor Fleming
a pedido do estúdio, Bret afirma que Gable pressionou para
desbancar Cukor por medo que
este revelasse um "affair" que
teve com William Haines, então amante do diretor.
Gable, aliás, usou o prestígio
de Haines, uma das maiores estrelas da época, para conseguir
papéis de destaque, segundo o
livro. Nos bastidores, teriam tido encontros sexuais freqüentes, inclusive num banheiro de
hotel, o luxuoso Beverly Wilshire, em Los Angeles.
"As mulheres não precisavam ser bonitas para atraí-lo,
bastava uma conta bancária
saudável. Já os homens tinham
de ser fortes e influentes", diz
Bret. Pelas suas contas, aos 27,
Gable já se relacionara com três
homens, duas lésbicas e duas
ninfomaníacas mais velhas.
Pauline Fredericks, que encarou inveja e más línguas ao se
deixar ver com Gable, chegou a
presenteá-lo com um carro e
aparatos para prolongar ereções, enquanto Ria Langham,
sua segunda mulher, pagava
parte de seu salário.
Único consenso entre biógrafos é que Gable só foi feliz no
amor uma única vez, e com
uma mulher, a atriz Carole
Lombard, que morreu num trágico acidente aéreo em 1942.
CLARK GABLE - TORMENTED STAR
Autor: David Bret
Editora: Carroll & Graf
Quanto: US$ 26 (R$ 43, em média),
mais taxas, na Amazon.com; 287 págs.
Texto Anterior: Brasileiros com vídeos mais famosos vão ganhar por isso Próximo Texto: Saiba mais: Estúdios acobertavam "escândalos" Índice
|