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Capitão América morre e renasce com polêmica
Morte de Steve Rogers, o herói original, sai no Brasil; nos EUA, substituto é criticado
Joe Simon, co-criador do personagem original, teme má influência do novo, que porta revólver e faca, sobre leitores; "Não é o Capitão", diz
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Steve Rogers morreu, mas
sua outra identidade, o Capitão
América, está vivo e cada vez
mais presente em novas HQs,
tanto nos EUA como no Brasil.
O fim de Rogers, publicado
no Brasil em fevereiro (em "Os
Novos Vingadores" nº 49), foi
cercado de mistérios. Faz sentido: a morte de um personagem
icônico como ele não poderia
decorrer de mera derrota nas
mãos de um supervilão.
O mistério do assassinato dá
origem a outras sagas: quem o
matou? Como os demais heróis
reagirão a isso? E quem será o
sucessor do nome e do uniforme do Capitão América? Steve
Rogers vai "ressuscitar"?
Nos EUA, o sucessor já é conhecido, e o resultado não agradou a todos. Hoje com 94 anos,
Joe Simon, co-criador do personagem, desaprovou as mudanças. Em entrevista ao "New
York Times" no último dia 16,
afirmou que esse personagem
"com a pistola e a faca (...) não é
o Capitão América". Ele disse
ainda temer que "alguém saia
atirando com pistolas em um
campus" e que diga ter sido inspirado pelo personagem.
No Brasil, a editora Panini
aproveitou a onda após a publicação da morte de Steve Rogers
para lançar o quarto número de
"Guerra Civil Especial" (em fevereiro), que mostra os bastidores da saga, e a minissérie
"Capitão América - Morre uma
Lenda", em março.
Parte das respostas está nestas edições, e parte é desenvolvida nas HQs do Capitão América e dos Vingadores, grupo do
qual ele fazia parte. As duas séries são republicadas no Brasil
em "Os Novos Vingadores".
Além das histórias atuais,
duas publicações trazem dois
momentos clássicos da carreira
de Steve Rogers: "Biblioteca
Histórica Marvel - Capitão
América nº 1", lançada no fim
de abril, e "Os Maiores Clássicos do Capitão América nº 1",
prevista para este mês.
A morte e o 11 de Setembro
O Capitão América foi criado
por Jack Kirby e Joe Simon em
"Captain America Comics" nº
1, lançada em dezembro de
1940, mas com data de capa de
março de 1941. Havia a Segunda
Guerra e os "comics" norte-americanos estavam borbulhando, especialmente os estrelados por super-heróis.
Nesse contexto é que surge o
Capitão América, cujo uniforme era praticamente a bandeira dos EUA. Seus inimigos, é
claro, eram todos nazistas. E
seu maior aliado era Bucky, um
parceiro-mirim.
Mas aquele era outro tempo.
Nas histórias da editora Marvel
pós-11 de Setembro, o governo
norte-americano tomou uma
decisão: todo super-herói, ou
supervilão, é obrigado a se cadastrar no governo, dando o
nome verdadeiro, endereço etc.
E só os autorizados têm permissão para continuar em ação.
É a Lei de Registro dos Super-Humanos, versão da Marvel
para as medidas políticas promovidas por George W. Bush
depois dos ataques terroristas.
Nas HQs, como na vida real, a
Lei de Registro (equivalente ao
Ato Patriótico, que expande o
poder das agências de segurança) gera polêmica. Os super-heróis que não aceitam ser registrados vão para uma cadeia em outra dimensão, de onde é impossível escapar. É a versão da
Marvel para Guantánamo.
Essa série foi batizada "Guerra Civil" e foca o estrago que o
choque de ideologias pode provocar. Ela termina com Steve
Rogers, identificado pelos demais super-heróis como o espírito dos EUA, preso e levado para ser julgado por traição.
O sucessor
O novo Capitão América surgiu em "Captain America" nº
34, nove meses após a morte do
original. Se não quiser saber
quem é, pule o parágrafo abaixo
e evite o quadro ao lado.
O atual Capitão é tão antigo
quanto o original: James Buchanan Barnes, o primeiro
Bucky, surgiu na mesma edição
que seu antecessor. Depois, foi
"morto", "ressuscitou", adotou
outra identidade (Soldado Invernal), virou vilão, anti-herói
e, agora, super-herói de novo.
A grande diferença está no
armamento. Agora, ele porta,
além do escudo, um revólver e
uma faca. Se o Capitão América, para sua editora, representa
o país, seria isso uma crítica à
atual política internacional dos
EUA, que levou à invasão do
Afeganistão e do Iraque?
A Marvel sabe o que faz. Se
essa nova identidade (ou conceito) do herói não vingar, ele
pode sempre voltar às origens.
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Editora: Panini
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