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Atriz estreante é a nova "Bonitinha"
Leticia Colin, 18, protagoniza filme que transpõe peça de Nelson Rodrigues para o Rio dos dias atuais
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um baile funk, uma festa
num motel e um bar em Laranjeiras (zona sul carioca) compõem os cenários de uma "Bonitinha, mas Ordinária" moderna. Na tentativa de atingir
um grande público, a nova versão da peça para o cinema, dirigida por Moacyr Góes, traz o
universo de Nelson Rodrigues
para o Rio atual.
As filmagens terminaram em
abril com a cena mais violenta e
aguardada: a rica Maria Cecília,
interpretada pela estreante em
cinema Letícia Colin, de 18
anos, é estuprada por cinco traficantes de uma favela.
A cena era motivo de apreensão antes mesmo da escolha de
quem faria o papel da Bonitinha. Na seleção, 70 meninas rebolaram ao som de funk. Duas
chegaram à seleção final, mas
uma delas desistiu do papel
porque o pai foi totalmente
contra a cena. Colin tomou a
dianteira e teve o apoio da família na decisão de dar uma
guinada na carreira.
"Quando ela me disse "eu
preciso provar para mim mesma que sou atriz, eu já entrei
em uma crise muito grande e
quase larguei a profissão", vi
que ela ia entrar de cabeça", diz
Moacyr Góes, que a avisou que
ela ouviria coisas muito "duras", inclusive que ele estaria
querendo explorar sua nudez.
O que Colin diz ter mais ouvido
até agora foram perguntas sobre a cena do estupro.
No Rio desde 2002, quando
foi chamada pela TV Globo para participar de "Malhação", e
depois integrada ao elenco da
Record, a atriz paulistana conta
que sua crise ocorreu no ano
passado, às vésperas de completar 18 anos. O papel de Bonitinha foi definidor, garante ela,
que agora quer se dedicar ao cinema, tanto em novos papéis
quanto na faculdade.
Na peça, a jovem é currada
por "cinco negrões" (como está
no texto de Nelson) num terreno baldio. Na versão de 1981,
Lucélia Santos fez a cena mais
lembrada do filme de Braz Chediak. Na de 1963, Lia Rossi.
De acordo com a atualização
proposta por Góes, a festa dada
por Werneck (Gracindo Jr.),
que acaba se transformando
em orgia, foi transportada de
uma mansão em São Conrado
para um conhecido motel no
mesmo bairro da zona sul carioca. Nos últimos anos, jovens
têm promovido festas nesse
motel. A trilha do longa é do DJ
Marlboro.
"Se o filme fosse de época,
não teria a menor chance. Queremos mostrar Nelson Rodrigues para o público que freqüenta cinema, de 16 a 25 anos,
que é o público de shopping.
Foram eles que viram "Meu nome não é Johnny" [que teve
mais de 2 milhões de espectadores neste ano] e fazem o cinema nacional", diz o produtor
Diler Trindade.
João Miguel e Leandra Leal
também estão no filme, ainda
sem data de estréia.
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