São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Atriz estreante é a nova "Bonitinha"

Leticia Colin, 18, protagoniza filme que transpõe peça de Nelson Rodrigues para o Rio dos dias atuais

MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um baile funk, uma festa num motel e um bar em Laranjeiras (zona sul carioca) compõem os cenários de uma "Bonitinha, mas Ordinária" moderna. Na tentativa de atingir um grande público, a nova versão da peça para o cinema, dirigida por Moacyr Góes, traz o universo de Nelson Rodrigues para o Rio atual.
As filmagens terminaram em abril com a cena mais violenta e aguardada: a rica Maria Cecília, interpretada pela estreante em cinema Letícia Colin, de 18 anos, é estuprada por cinco traficantes de uma favela.
A cena era motivo de apreensão antes mesmo da escolha de quem faria o papel da Bonitinha. Na seleção, 70 meninas rebolaram ao som de funk. Duas chegaram à seleção final, mas uma delas desistiu do papel porque o pai foi totalmente contra a cena. Colin tomou a dianteira e teve o apoio da família na decisão de dar uma guinada na carreira.
"Quando ela me disse "eu preciso provar para mim mesma que sou atriz, eu já entrei em uma crise muito grande e quase larguei a profissão", vi que ela ia entrar de cabeça", diz Moacyr Góes, que a avisou que ela ouviria coisas muito "duras", inclusive que ele estaria querendo explorar sua nudez. O que Colin diz ter mais ouvido até agora foram perguntas sobre a cena do estupro.
No Rio desde 2002, quando foi chamada pela TV Globo para participar de "Malhação", e depois integrada ao elenco da Record, a atriz paulistana conta que sua crise ocorreu no ano passado, às vésperas de completar 18 anos. O papel de Bonitinha foi definidor, garante ela, que agora quer se dedicar ao cinema, tanto em novos papéis quanto na faculdade.
Na peça, a jovem é currada por "cinco negrões" (como está no texto de Nelson) num terreno baldio. Na versão de 1981, Lucélia Santos fez a cena mais lembrada do filme de Braz Chediak. Na de 1963, Lia Rossi.
De acordo com a atualização proposta por Góes, a festa dada por Werneck (Gracindo Jr.), que acaba se transformando em orgia, foi transportada de uma mansão em São Conrado para um conhecido motel no mesmo bairro da zona sul carioca. Nos últimos anos, jovens têm promovido festas nesse motel. A trilha do longa é do DJ Marlboro.
"Se o filme fosse de época, não teria a menor chance. Queremos mostrar Nelson Rodrigues para o público que freqüenta cinema, de 16 a 25 anos, que é o público de shopping. Foram eles que viram "Meu nome não é Johnny" [que teve mais de 2 milhões de espectadores neste ano] e fazem o cinema nacional", diz o produtor Diler Trindade.
João Miguel e Leandra Leal também estão no filme, ainda sem data de estréia.


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