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CRÍTICA
Desenho é o melhor desde 'Os Simpsons'
da Redação
Sob a terra arrasada da cultura
pop americana, oriunda dos excrementos do que foi transformada a contracultura pelo politicamente correto jeito de tratar a indústria pop, surge a mais bem-acabada crítica comportamental da
América em forma de desenho.
Primo-irmão de "Beavis e
Butt-Head", o bem-vindo "South
Park" é a melhor coisa que apareceu na animação americana desde
"Os Simpsons".
Se séries como "Seinfeld" batem
recordes de audiência na televisão
mostrando que as pessoas chegam
à idade adulta mesquinhas, egoístas, maldosas, mas tudo com um
fundo de "ingenuidade", desenhos espertos como "South Park"
aparecem para mostrar de onde
vem essa formação de caráter. Não
nasce na adolescência bonita e
problemática de "Barrados no
Baile", por exemplo. Vem bem
mais cedo, direto do umbigo da
família americana.
Das divagações filosóficas evocando Baudrillard até o riso mais
sacana de um exemplar da idiotia
juvenil, é engraçado ver como
"South Park" provoca "análises"
ao se estabelecer como o maior cometa a se chocar com a atmosfera
da cultura pop americana por
meio de vômitos, palavrões e peidos.
Quando a mais nova sensação da
TV tem o primeiro episódio chamado "Cartman Ganhou uma
Sonda Anal", e por trás do mesmo
episódio é possível "fazer uma leitura" de quão nociva para crianças
pode ser uma sociedade gerida por
paranóicos e aproveitadores, o recado está bem dado.
Tripudiar da própria decadência
como os desenhos americanos fazem, seja na apelação desbocada
de "South Park" ou na ironia sutil
de "Os Simpsons", presta um serviço muito maior à população do
que, só para tirar exemplos do
nosso quintal, programas como o
besteirol "Casseta & Planeta" e a
idiotia de "A Praça É Nossa", sucessos de público da TV brasileira.
(LÚCIO RIBEIRO)
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