|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nabokov mirou a "mágica das ninfetas"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Lolita", de Vladimir Nabokov (1899-1977), começou
a ganhar contornos de uma
lenda já no seu lançamento,
em 1955. Recusado por quatro editoras americanas, foi
lançado em Paris por um
editor (Maurice Girodias, da
Olympia Press) cuja linha
editorial comportava livros
pornográficos e textos de Samuel Beckett e Jean Genet.
O alerta de que não se tratava de um livro banal, e
muito menos pornográfico,
não foi dado por nenhum
crítico, mas pelo escritor inglês Graham Greene.
Depois de virar um fetiche
entre os americanos que visitavam Paris e contrabandeavam cópias na volta, "Lolita" foi editado nos Estados
Unidos em 1958. Teve uma
repercussão bombástica. Foi
o primeiro livro depois de
"...E o Vento Levou" a ultrapassar a barreira dos 100 mil
exemplares vendidos nas
três primeiras semanas.
A história do quarentão
que se apaixona por uma garota de 12 anos e se casa com
a mãe dela só para ficar mais
próximo da filha não tinha
nada de simbólica, segundo
Nabokov -aliás, ele dizia
detestar símbolos.
Não era a América (Lolita)
corrompendo a Europa
(Humbert Humbert, o quarentão). Nem era o sexo a
sua preocupação, dizia Nabokov, mas "a periculosa
mágica das ninfetas".
O escritor preferia enfatizar o caráter humorístico do
livro. "Dê-me um exemplo
de um grande escritor que
não seja um humorista", era
uma de suas provocações.
O crítico Harold Bloom escreveu que seria tolice tratar
"Lolita" como uma história
de amor, já que os personagens são "caricaturas deliberadas" vivendo um pesadelo
na América.
Texto Anterior: biblioteca Folha: Coleção começa no domingo com "Lolita" Próximo Texto: Panorâmica - Cinema: AFI anuncia top 50 de heróis e vilões Índice
|