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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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Nabokov mirou a "mágica das ninfetas"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Lolita", de Vladimir Nabokov (1899-1977), começou a ganhar contornos de uma lenda já no seu lançamento, em 1955. Recusado por quatro editoras americanas, foi lançado em Paris por um editor (Maurice Girodias, da Olympia Press) cuja linha editorial comportava livros pornográficos e textos de Samuel Beckett e Jean Genet.
O alerta de que não se tratava de um livro banal, e muito menos pornográfico, não foi dado por nenhum crítico, mas pelo escritor inglês Graham Greene.
Depois de virar um fetiche entre os americanos que visitavam Paris e contrabandeavam cópias na volta, "Lolita" foi editado nos Estados Unidos em 1958. Teve uma repercussão bombástica. Foi o primeiro livro depois de "...E o Vento Levou" a ultrapassar a barreira dos 100 mil exemplares vendidos nas três primeiras semanas.
A história do quarentão que se apaixona por uma garota de 12 anos e se casa com a mãe dela só para ficar mais próximo da filha não tinha nada de simbólica, segundo Nabokov -aliás, ele dizia detestar símbolos.
Não era a América (Lolita) corrompendo a Europa (Humbert Humbert, o quarentão). Nem era o sexo a sua preocupação, dizia Nabokov, mas "a periculosa mágica das ninfetas".
O escritor preferia enfatizar o caráter humorístico do livro. "Dê-me um exemplo de um grande escritor que não seja um humorista", era uma de suas provocações.
O crítico Harold Bloom escreveu que seria tolice tratar "Lolita" como uma história de amor, já que os personagens são "caricaturas deliberadas" vivendo um pesadelo na América.


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