São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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O signo do caos

"Lugares Públicos", obra vanguardista de José Agrippino de Paula, é reeditada após 40 anos

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chove lá fora e o olhar de José Agrippino de Paula caminha perdido no meio das gotas. Enrolado em trapos, equilibrado na ponta de uma bancada sem braços, cabeleira arregimentada em um rabo, ele parece estar prestes a contar um segredo sobre algum assunto que nem se sabe qual é.
Chove lá fora e o olhar de José Agrippino de Paula segue sereno, impermeável ao barulho de caminhões e ônibus que trouxeram o caos ao outrora pacato município paulista de Embu onde se refugiou desde o início da década de 80. Foi sempre assim na vida desse escritor e cineasta paulistano, hoje com 67 anos. Ele tranqüilo, o caos batendo à sua porta.
Nesta tarde, com garoa ou sol senegalesco, com motos rugindo ou passarinho cantando, Agrippino vai girar a maçaneta.
Ele vai até uma livraria no Embu para uma sessão de "de volta para o futuro". A editora Papagaio lança nesta tarde, 40 anos depois, a segunda edição de seu vanguardista romance "Lugar Público".
Estréia literária de Agrippino, o romance deixou os que se aventuraram à época por suas 267 páginas um bocado surpresos. Carlos Heitor Cony, por exemplo, que assinou a orelha da primeira edição, salientou o "mundo caótico" de "Lugar Público", seu desprezo "pelos lugares-comuns da narrativa", seu "poderoso fabular".
Em conversa com a Folha nesta semana, no Embu, o recluso Agrippino, que não publica desde 1967, quando lançou sua epopéia "PanAmérica", aceitou fazer um passeio por seus signos do caos. Leia a seguir um pouco do que ele, sempre de olho na chuva lá fora, nos contou.


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