São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

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TV PAGA

Operadoras investem no mercado erótico, oferecendo privacidade por meio de senhas e facilidades na compra dos programas

"Reality show" testa performances sexuais

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Tire as crianças da sala, pois as sessões serão só para maiores de 18 anos. A partir deste mês, as operadoras apostam mais em conteúdo adulto numa tentativa de ampliar o espaço erótico no mercado da TV paga. Uma das novidades chega pouco antes do Dia dos Namorados. É o "reality show" "Adão e Eva", atração americana em que 19 pessoas têm suas performances sexuais testadas em busca de um prêmio de US$ 250 mil (cerca de R$ 610 mil).
Os vencedores -um homem e uma mulher- ganham como prêmio a chance de estrelar um filme pornográfico heterossexual produzido em Hollywood, também meca da indústria pornô.
"Adão e Eva" ("The Search for Adam and Eve") estreou há duas semanas nos EUA, em formato "pay-per-view", e faz parte de um pacote de programas que se encaixa no chamado "reality X", até então inédito no Brasil, onde também será vendido por episódio (a uma média de R$ 15 pela DirecTV e pela Sky).
Dos participantes, três homens são casados ou namoram e estão com suas companheiras no programa. Os outros 13 concorrentes são solteiros. O perfil dos candidatos é eclético -há uma stripper, uma bancária, um gerente de vendas, personal trainers, um eletricista e adeptos de suingue, todos ligados à pornografia.

Perfil
É o caso do eletricista Brett, que disputa ao lado da mulher o prêmio do programa. Depois que chega do trabalho, em Clearwater (Flórida), ele se dedica à produção de filmes caseiros.
Gente como Brett, os amadores (do inglês "amateurs"), são o foco do "reality show". O perfil justifica a aquisição do "reality X" pela DirecTV, segundo a gerente de produto da operadora, Carolina Oliveira, 31. "Existe muito interesse pelo voyeurismo. Temos produtos da "Playboy TV" [os programas "Vizinhas Sexies" e "Vídeos Caseiros'] que são sucesso de audiência pelo aspecto amador que têm, o que identifica a realidade do espectador", analisa.
Nos primeiros episódios de "Adão e Eva", um júri escolhe quem serão os participantes do programa. Segundo Brian Gross, 29, produtor-executivo da atração, foram enviadas centenas de vídeos caseiros à produtora. Os testes, como se estivessem numa espécie de "Popstars" (SBT) ou "Fama" (Globo) do sexo, foram realizados em várias cidades norte-americanas antes de chegar aos nomes que disputarão o prêmio. "São todos amadores. Passamos por várias cidades antes, e o júri escolheu os que melhor se apresentaram", afirma.

Crescimento
O mercado erótico é um dos filões mais festejados da TV paga. Na DirecTV, por exemplo, a disputa da fatia de "pay-per-view" detém 50% da programação -dividindo as atenções com filmes e eventos esportivos internacionais. Na concorrente, a Sky, segundo Ricardo Rian, 38, diretor de programação, o conteúdo erótico gera 110 mil vendas por mês, valor ainda menor do que as partidas de futebol e do conteúdo 24 horas do "Big Brother Brasil", da Endemol/Globo.
Uma das cartadas do mercado é garantir privacidade. A Sky montou um mosaico de programação adulta que só pode ser acessado mediante digitação de senha. Nas demais, as programações também são bloqueadas.
Segundo as operadoras, o "pay-per-view" oferece mais privacidade, uma vez que a compra pode ser efetuada no controle remoto.

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