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Crítica
Boçalidade guia cinema dos irmãos Farrelly
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Sem a boçalidade não existiria o cinema dos irmãos Farrelly. Ela é seu fundamento.
Por isso, certa dificuldade em
compreender suas comédias
arrasadoras: todos nós somos,
em algum ponto, um tanto boçais, de maneira que esses filmes surpreendem justamente
porque parecem contrariar
nossa inteligência, mas é a nossa boçalidade que atacam impiedosamente.
Vejamos se descrevendo a situação de "O Amor É Cego"
(TC Light, 23h40) as coisas parecem mais claras. Hal cresceu
acreditando que só deve transar com mulheres perfeitas.
Ele é chato, gordo e razoavelmente feio. Está fora dos padrões, em suma. Só se dá mal.
Um dia, ele passa a sair com
uma garota gordíssima e feíssima, mas a vê como um esplendor de beleza e tudo mais. À ordem idiota de só se contentar
com "o melhor" (feminino)
responde outra, o ditado segundo o qual quem ama o feio
bonito lhe parece. Os Farrelly
botam as duas besteiras para se
chocar, e do choque nasce a comédia -e a luz.
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