São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

O ano zero do novo Fashio Rio

Começa 1ª edição do evento sob o comando de Paulo Borges, que não descarta eliminar mais grifes da semana carioca

O Fashion Rio foi criado em 2002 e já teve 14 edições, mas a temporada que se inicia hoje é praticamente um recomeço do evento. É o "ano zero" do novo Fashion Rio, que deixou de ser coordenado pela empresária Eloysa Simão, sua fundadora, e passou para as mãos de Paulo Borges, diretor da SPFW (São Paulo Fashion Week).
Ele assumiu a produção da semana de moda carioca há pouco mais de um mês, depois que a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) decidiu transferir o evento para a empresa Luminosidade, que pertence a Borges e à holding InBrands. Com isso, o empresário passa a comandar as duas principais semanas de moda do país.
O contrato de dez anos com a Luminosidade prevê que a Firjan deixe de ser gestora do Fashion Rio e se torne apenas sua patrocinadora. A federação não revela quanto investe no evento. Segundo Borges, ele custará em torno de R$ 7 milhões -R$ 3 milhões a menos que a SPFW.
Das 41 marcas que passaram pela última temporada de verão, Borges selecionou apenas 29 (eram 30 há duas semanas, mas a grife Francisca pediu para sair). O empresário não descarta reduzir ainda mais o line-up, no intuito de tentar alinhá-lo aos padrões da SPFW.
"Queremos que o Fashion Rio tenha o mesmo nível de qualificação que a SPFW. Vamos introduzir as mesmas regras de São Paulo", afirma Borges. Essas regras definem, por exemplo, que, se uma grife deixar de desfilar em duas temporadas, será afastada e terá de pedir novamente sua inclusão.
A semana carioca vinha sendo criticada pelo meio da moda como pouco criteriosa na seleção das marcas. Esta edição do Fashion Rio será crucial para a Luminosidade avaliar a performance de algumas grifes e saber quais ficarão para a próxima temporada. Borges teria optado por não fazer, nesta estação, um corte mais drástico para não despertar animosidades.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, diz que a entidade não vai interferir na seleção das marcas. "Não vamos opinar sobre a seleção nem exigimos que mantivessem um número "x" de grifes. Se a InBrands de fato entende do assunto, penso que não vai reduzir as grifes para dar um tiro no pé", afirma.
Borges pretende refazer o comitê de moda de sete pessoas -formado, além dele, por estilistas e especialistas-, que atuava como conselheiro da SPFW e seria agora também responsável pelo Fashion Rio. Esse comitê deverá avaliar pedidos de inclusão nos eventos e analisar a performance das marcas que já desfilam.
O empresário ainda não tem claro o que vai distinguir essencialmente as semanas do Rio e de São Paulo. "Num primeiro momento, queremos que fiquem iguais em termos de conteúdo, de negócios e de fomento", diz. Esse processo, calcula Borges, deverá durar três anos.
Ele já sabe, porém, que, na próxima edição de verão, irá levar todas as grifes de moda praia da SPFW para o Fashion Rio, que deverá concentrar os desfiles de beachwear.
O empresário descarta unificar as duas semanas numa Brasil Fashion Week, na qual os desfiles de verão ocorreriam no Rio e os de inverno, em São Paulo. "No momento, não existe esse romantismo; são duas operações diferentes, que devem ser mantidas integralmente. Isso só ocorrerá se no futuro o mercado entender que essa fórmula é melhor." Para ele, esse "futuro" não deverá ocorrer em menos de dez anos.
A principal dificuldade de Borges para definir o perfil do Fashion Rio vem do fato de que ele precisa conciliar vários interesses. Para começar, ao contrário da SPFW, que sobrevive de patrocínios de empresas privadas, a fashion week carioca é um evento de base muito institucional, pois seu maior patrocinador é e deverá ser por um bom tempo a Firjan, cujo interesse é "vender" a indústria de moda do Estado do Rio.
Além disso, o empresário precisa atender às expectativas do meio fashion a respeito da qualidade das grifes e dos desfiles. Por fim, e principalmente, ele precisa tornar a semana carioca lucrativa para a InBrands, que não entrou no negócio apenas por amor à moda.


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