|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
O ano zero do novo Fashio Rio
Começa 1ª edição do evento sob o comando de Paulo Borges, que não descarta eliminar mais grifes da semana carioca
O Fashion Rio foi criado em
2002 e já teve 14 edições, mas a
temporada que se inicia hoje é
praticamente um recomeço do
evento. É o "ano zero" do novo
Fashion Rio, que deixou de ser
coordenado pela empresária
Eloysa Simão, sua fundadora, e
passou para as mãos de Paulo
Borges, diretor da SPFW (São
Paulo Fashion Week).
Ele assumiu a produção da
semana de moda carioca há
pouco mais de um mês, depois
que a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro) decidiu transferir o
evento para a empresa Luminosidade, que pertence a Borges e à holding InBrands. Com
isso, o empresário passa a comandar as duas principais semanas de moda do país.
O contrato de dez anos com a
Luminosidade prevê que a Firjan deixe de ser gestora do Fashion Rio e se torne apenas sua
patrocinadora. A federação não
revela quanto investe no evento. Segundo Borges, ele custará
em torno de R$ 7 milhões -R$
3 milhões a menos que a SPFW.
Das 41 marcas que passaram
pela última temporada de verão, Borges selecionou apenas
29 (eram 30 há duas semanas,
mas a grife Francisca pediu para sair). O empresário não descarta reduzir ainda mais o line-up, no intuito de tentar alinhá-lo aos padrões da SPFW.
"Queremos que o Fashion
Rio tenha o mesmo nível de
qualificação que a SPFW. Vamos introduzir as mesmas regras de São Paulo", afirma Borges. Essas regras definem, por
exemplo, que, se uma grife deixar de desfilar em duas temporadas, será afastada e terá de
pedir novamente sua inclusão.
A semana carioca vinha sendo criticada pelo meio da moda
como pouco criteriosa na seleção das marcas. Esta edição do
Fashion Rio será crucial para a
Luminosidade avaliar a performance de algumas grifes e saber quais ficarão para a próxima temporada. Borges teria optado por não fazer, nesta estação, um corte mais drástico para não despertar animosidades.
O presidente da Firjan,
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, diz que a entidade não vai
interferir na seleção das marcas. "Não vamos opinar sobre a
seleção nem exigimos que
mantivessem um número "x" de
grifes. Se a InBrands de fato entende do assunto, penso que
não vai reduzir as grifes para
dar um tiro no pé", afirma.
Borges pretende refazer o comitê de moda de sete pessoas
-formado, além dele, por estilistas e especialistas-, que
atuava como conselheiro da
SPFW e seria agora também
responsável pelo Fashion Rio.
Esse comitê deverá avaliar pedidos de inclusão nos eventos e
analisar a performance das
marcas que já desfilam.
O empresário ainda não tem
claro o que vai distinguir essencialmente as semanas do Rio e
de São Paulo. "Num primeiro
momento, queremos que fiquem iguais em termos de conteúdo, de negócios e de fomento", diz. Esse processo, calcula
Borges, deverá durar três anos.
Ele já sabe, porém, que, na
próxima edição de verão, irá levar todas as grifes de moda
praia da SPFW para o Fashion
Rio, que deverá concentrar os
desfiles de beachwear.
O empresário descarta unificar as duas semanas numa Brasil Fashion Week, na qual os
desfiles de verão ocorreriam no
Rio e os de inverno, em São
Paulo. "No momento, não existe esse romantismo; são duas
operações diferentes, que devem ser mantidas integralmente. Isso só ocorrerá se no futuro
o mercado entender que essa
fórmula é melhor." Para ele, esse "futuro" não deverá ocorrer
em menos de dez anos.
A principal dificuldade de
Borges para definir o perfil do
Fashion Rio vem do fato de que
ele precisa conciliar vários interesses. Para começar, ao contrário da SPFW, que sobrevive
de patrocínios de empresas privadas, a fashion week carioca é
um evento de base muito institucional, pois seu maior patrocinador é e deverá ser por um
bom tempo a Firjan, cujo interesse é "vender" a indústria de
moda do Estado do Rio.
Além disso, o empresário
precisa atender às expectativas
do meio fashion a respeito da
qualidade das grifes e dos desfiles. Por fim, e principalmente,
ele precisa tornar a semana carioca lucrativa para a InBrands,
que não entrou no negócio apenas por amor à moda.
Texto Anterior: Bonitinha, mas ordinária Próximo Texto: Line Up: Saiba o horário dos desfiles Índice
|