São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fotobiografia e pesquisa reavivam veia crítica de Pagu

Livro com imagens e textos inéditos sai em 1º de julho e compilação da produção jornalística, no fim do ano

Professor americano prepara quatro volumes com artigos de Pagu e compara painel à obra de Pedro Nava


Divulgação
Pagu em 1929, ano em que se envolve com Oswald de Andrade, com quem se casa

FABIO VICTOR
MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), virou filme, personagem de minissérie televisiva e música de Rita Lee.
O apelo de musa iconoclasta e agitadora política moldou a construção de uma figura meio cult, meio pop.
Mas agora, no aniversário de cem anos de seu nascimento, comemorados na próxima quarta, a imagem consagrada dará espaço à de uma outra e menos conhecida Pagu, a intelectual, culta e articulista prolífica.
Uma fotobiografia com documentos, imagens e cartas inéditos, a ser lançada em 1º de julho, e a edição, em quatro volumes, de 30 anos de produção jornalística de Pagu -que deve sair no final do ano-, são as principais iniciativas para desestigmatizar a mulher-escândalo.
"A imagem da menina que roubou Oswald da mulher [Tarsila] e andava com roupas escandalosas se estendeu para o tempo da militância política, tanto que o partido [comunista] a considerava uma burguesinha. Ela lutou muito contra isso, mas a fama permaneceu", conta Geraldo Galvão Ferraz, o Kiko, filho de Pagu com o modernista Geraldo Ferraz.
Ele é coautor, com Lúcia Furlani, presidente do Centro de Estudos Pagu, de "Viva Pagu - Fotobiografia de Patrícia Galvão" (Imprensa Oficial/Editora Unisanta), com 400 imagens, entre retratos e fac-símiles, textos introdutórios e trechos de duas peças teatrais inéditas de Pagu.
Segundo Kiko, coube a Augusto de Campos, com "Pagu Vida-Obra", de 1982, o início da valorização intelectual da sua mãe. Em 2005 vieram o livro "Paixão Pagu" e a página www.pagu.com.br.

PASSO DECISIVO
Mas, diz ele, o passo decisivo será a compilação da produção jornalística de Pagu, trabalho do professor Keneth David Jackson, da Universidade Yale (EUA), que traduziu "Parque Industrial" para o inglês e se apaixonou pela obra de Pagu.
Jackson cuida da edição há 20 anos e já tem prontos quatro volumes: 1) assuntos políticos e crítica social; 2) crítica de literatura e arte brasileira; 3) crítica de teatro; 4) a "Antologia da Literatura Estrangeira", na qual apresentou e traduziu mais de 90 autores internacionais.
A pesquisa vai de 1931 a 1961, em nove periódicos.
"É muita coisa. Há poucos casos de 30 anos de produção contínua. Acho que equivale a um Pedro Nava, melhor do que o "Jornal de Crítica" de Álvaro Lins ou o "Diário Crítico" de Sérgio Milliet", disse Jackson à Folha.
Segundo Kiko, as editoras da USP, da Unicamp e da Unisanta devem se unir para publicar os volumes.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Trecho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.