São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2001

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RELÂMPAGOS

Baluarte

JOÃO GILBERTO NOLL

Não havia mais o que fazer. Estava ali na ribanceira, anoitecia. Não tinha mais como voltar. Se desse uns passos, ele lembrava muito vagamente, corria o risco de pisar em campo minado, algo assim; pois acontecia de haver campos minados até em países sem guerra como o seu, eram as tais manobras que o Exército vinha fazendo à beira do rio para que não esquecessem -não esquecessem o quê?, ele perguntou e sentou-se como uma criança pequena, as pernas meio dobradas, abertas, as mãos inquietas no ar. Disse um nome misturado a alguma baba. Atônito, viu uma claridade de meio-dia... Como estivera enganado esse tempo todo! Antes de pensar se teria por ali alguma mesa, almoço, pôs-se de pé e bateu continência à bandeira do outro lado, murcha...


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