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CRÍTICA
Mérito se resume à virtuose técnica
MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA
Uma manada de cavalos vive tranquilamente por campos do Velho Oeste. As cenas iniciais de "Spirit, o Corcel Indomável" mostram, aos saltos no tempo, o nascimento e o crescimento
de Spirit, herói do mais novo desenho dos estúdios DreamWorks,
de Steven Spielberg, também produtor de "O Príncipe do Egito",
animação superior a essa que agora é lançada para as férias escolares infantis.
O jovem corcel cresce livre na
paisagem que se descortina, em
design realista, perfeito, sublime.
O espectador reconhece o relevo
dos parques norte-americanos:
Yellowstone, Grand Canyon, Monument Valley. Tudo é de alta tecnologia. Basta escutar a riqueza
sonora do filme, que traz mais de
mil reproduções vocais de cavalos, com incríveis relinchos.
Spirit domina o ambiente até
que surge um índio para domesticá-lo. Em vão. O cavalo é indomável, e o índio, politicamente correto. O jovem Lakota respeita-o, faz
amizade com ele assim mesmo e
segue seu caminho. A verdadeira
peripécia começa quando Spirit é
capturado pelos homens brancos
colonizadores. Mas, infelizmente,
não é desenvolvida o suficiente,
detalhada, criativa.
A trama se limita a mostrar a
tensão entre a rebeldia do cavalo e
as tentativas fracassadas dos soldados dominadores, que prendem o cavalo com fortes correntes, depois de Spirit ter derrubado
todos os candidatos a cavaleiros.
É esse índio Lakota que surge
novamente para salvar Spirit das
garras da civilização. Contrariando os fatos históricos, a dupla
consegue se libertar. Serão felizes
para sempre, num mundo sonhado, Spirit e Chuva, a namorada
dele, e o índio Lakota, pelos prados e montanhas.
O final feliz destrói qualquer
tentativa de dar inteligência ao
enredo. O motivo principal do desenho animado -a reflexão sobre a conquista do Velho Oeste-
não é levado adiante. "Spirit, o
Corcel Indomável" iguala-se então à maioria dos produtos, para
crianças, da indústria cultural,
salva ultimamente por "Shrek",
este, sim, complexo e estimulante.
O mérito do trabalho se resume à
virtuose técnica, exatamente como a sociedade que o filme reproduz, acrítica e incapaz de enxergar
a si própria.
Isso não significa que não valha
a pena levar as crianças para ver
"Spirit". O filme entretém e contém aspectos curiosos. Um deles é
revelar o mundo através dos
olhos do protagonista, sem necessidade de fazer os animais falarem
para o espectador compreender
suas ações. Nenhum animal precisa falar, como observaram leitores de sete anos na Folhinha de 29
de junho.
Spirit, o Corcel Indomável
Spirit - Stallion of the Cimarron
Direção: Kelly Asbury e Lorna Cook
Produção: EUA, 2002
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Belas Artes, Eldorado,
Interlagos e circuito
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