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Crítica
"Aviador" perde com gigantismo e falta de unidade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Ninguém dirá que "O Aviador" (HBO, 21h) é um filme irrelevante. Mas a trajetória do
magnata Howard Hughes não
está entre os trabalhos de Martin Scorsese que eu colocaria
entre meus preferidos.
A saga de Hughes lembra
muito a de Tucker, que Francis
Ford Coppola dirigiu há quase
20 anos. Hughes ganha em gigantismo (no melhor e no pior
sentidos da palavra), mas perde
em concentração: a história
atravessa décadas, abarca vários episódios da vida de Hughes, mas, apesar disso, não
chega a transmitir a sensação
de que dá conta de toda a sua
complexidade.
Os vários episódios (da filmagem de "Hell's Angels" à construção do gigantesco avião que
nunca decolou) se acumulam e
dão conta do amplo espectro de
paixões de Hughes: as mulheres, o cinema e, acima de tudo, a
aviação. Eles nos falam de seu
espírito de independência.
No entanto, falta algo que dê
unidade a tudo isso. Ou talvez,
Scorsese esteja certo: a vida não
tem unidade, nem sentido. Por
que impor um?
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