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Equipe do filme participou de aulas e comeu em restaurantes badalados
DA ENVIADA A PARIS
Se antes de produzir "Procurando Nemo" os animadores da
Pixar fizeram expedições de
mergulho e para fazer "Carros"
eles visitaram autódromos, em
"Ratatouille" a equipe participou de aulas de cozinha e comeu em restaurantes parisienses famosos (Taillevent, Guy
Savoy, Tour d'Argent).
"Você senta e é avisado que o
chef quer fazer uma refeição
especial. Você pensa: "Fantástico, isto vai ser ótimo" -e foi ótimo, não me entenda mal. Mas
você não sabe quanto tempo vai
durar, quantos pratos vai comer e quanto gastará. E, finalmente, depois de quatro horas
e meia, comemos nada menos
que 17 pratos. E o menu tinha
29. Sei que soa como: "Oh, coitado, pobre homem". Mas, literalmente, foi doloroso", conta o
produtor Brad Lewis.
Por ter se envolvido no projeto quando ele já estava em andamento, o diretor, Brad Bird,
fez só uma viagem para Paris e
visitou uns cinco restaurantes.
"Minha aproximação foi estupidamente americana. Costumo comer uma salada antes de
um bom prato principal e, ocasionalmente, uma sobremesa.
Se você colocar um prato na
minha frente com três pedacinhos delicados, vou comer. Não
tem problema. Quando o próximo chegar... hum, mais um, OK.
Uma hora e meia mais tarde...
"Oh, Deus, mais?". Eles não param nunca de vir [risos]."
A equipe de "Ratatouille"
contou ainda com a consultoria
do conceituado chef Thomas
Keller, do French Laundry, da
Califórnia, e muitos detalhes da
animação são inspirados na cozinha dele. Foi Keller quem
criou a apresentação do prato
que dá nome ao filme e toca
emocionalmente o pálido e esnobe Anton Ego (voz de Peter
O'Toole), um crítico de restaurantes que escreve seus mordazes textos numa sala com formato de caixão e cuja máquina
de escrever tem uma caveira.
"Tivemos de pensar no que
seria uma comida transformadora. O que poderia transportá-lo [o crítico] de volta à infância
de uma maneira proustiana.
Quando peguei uma camada de
legumes e ela se compactou,
percebi naquele momento como o prato seria", conta Thomas Keller, em entrevista concedida por e-mail à Folha.
Reproduzir as comidas vistas
na animação foi, segundo a
equipe da Pixar, uma das partes mais difíceis e trabalhosas.
"Não precisa ser, necessariamente, real como uma fotografia. Mas tem de ser delicioso. E,
algumas vezes, fazer algo parecer delicioso significa exagerar
em um aspecto, fazer uma caricatura. As pessoas têm saído do
filme com fome. Acho que deu
certo", comemora Bird.
Mas o processo de familiarização não se deu só com as comidas. Ao notar que Remy estava com uma aparência muito
humanizada, Bird pediu para
refazerem os modelos do ratinho. O jeito encontrado para
pegarem com precisão o comportamento dos animais foi
conviver por um longo tempo
com ratos de laboratório.
Outro desafio foi desenvolver a animação seguindo a opção de Bird pela comédia física
em detrimento do diálogo entre os dois personagens principais -Remy entende a língua
de Linguini, mas o ajudante
não fala a língua do rato.
Acenando a cabeça, levantando a sobrancelha e encolhendo os ombros, Remy se faz
entender, e a comunicação entre ele e Linguini é quase tão
boa quanto em um filme mudo
de Chaplin ou de Buster Keaton, humoristas em quem Bird
e Lasseter se inspiram.
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