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HQ
Fernando Gonsales lança amanhã, em SP, coletânea totalmente colorida com mais de 200 tiras do anti-herói roedor
Agora Níquel Náusea rói também livros
ERIKA SALLUM
da Reportagem Local
Quando tinha uns 12 anos, o cartunista paulistano Fernando Gonsales, 38, criava uma pulga em um
vidrinho. Apaixonado por bichos
desde muito cedo, na hora de alimentar o inseto, não passava apertos: abria o frasco, encostava-o na
própria barriga e deixava a pulguinha ali, chupando seu sangue. "Ué,
de que outro jeito eu poderia dar
comida para ela?", explica hoje.
Mais de duas décadas depois, o
mesmo Gonsales transformou seu
amor por animais num meio de vida. Primeiro, abandonou a veterinária e, em 1985, decidiu participar
de um concurso para ilustradores
promovido por esta Folha. Começava ali a fama de um dos mais geniais anti-heróis das HQs nacionais, o rato Níquel Náusea, espécie
de primo pobre do Mickey Mouse.
Publicadas diariamente na Ilustrada e em diversos jornais do
país, as tirinhas de Níquel e seus
amigos chegam ao formato livro
pela primeira vez em sua história,
inaugurando a coleção CyberComix, da editora Bookmakers (leia
texto abaixo). Totalmente colorido, "Os Ratos Também Choram",
coletânea com mais de 200 histórias do "Reino" de Gonsales, será
lançado amanhã em São Paulo.
Mas quem está por trás das sacadas inteligentes desse bando de ratos de esgoto, baratas viciadas em
inseticida, camelos alcoólatras,
amebas falantes e até uma bactéria
chamada Cíntia?
Formado em veterinária e biologia (curso que levou 17 anos para
terminar), Gonsales é tímido, simples, mora num sobrado na Vila
Mariana (zona sudoeste de SP), é
casado, não tem filho e, por convicção, não cria animais. "Aqui
não tem espaço, fico com pena."
Sempre gostou de desenhar, mas
suas atividades artísticas nos tempos de faculdade se limitavam a
ilustrar jornais do centro acadêmico. Formado, chegou a trabalhar
por um ano na hidrelétrica de Tucuruí, no Pará.
Aulas de desenho, nunca tomou.
Sem "botar muita fé", venceu o
concurso da Folha e teve de aprender a criar, dia após dia, tiras de
humor. Tarefa nada fácil, principalmente se seus vizinhos forem
"dragões" como Laerte, Glauco e
Angeli. "Minhas piadas eram muito fracas no início, quase desisti de
tudo. Mas aprendi a não ficar muito severo, senão você perde a espontaneidade e aí já viu..."
Por dez anos, Gonsales editou a
revista "Niquel Náusea", fechada
desde 1997. Num quartinho nos
fundos de sua casa, guarda pilhas
de exemplares encalhados da publicação, que pretende vender via
Internet -seu site, www.niquel.com.br, será inaugurado brevemente. Porém ainda não está preparado para responder e-mails dos
fãs -ainda não se conectou à rede.
Entre retraído e desconfiado, no
fim da entrevista pergunta: "E essa
tal de Internet, é legal?".
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