São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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ROCK

The Futureheads reinventa o passado

DA REPORTAGEM LOCAL

Bloc Party, Franz Ferdinand, Rapture, Radio 4... O Gang of Four, uma quase obscura banda do início dos anos 80, está mais viva do que nunca na pele das novas bandas que tomam emprestado a sonoridade pós-punk do velho grupo inglês. O quarteto The Futureheads chega para engrossar essa turma, mas com uma propriedade a mais: cinco de suas músicas foram produzidas por... Andy Gill, o vocalista e líder do Gang of Four.
O álbum, "The Futureheads", saiu na Europa no final do ano passado e chegaria agora ao Brasil -chegaria porque a gravadora Warner decidiu adiar o lançamento para outubro...
A presença de Andy Gill no disco é, mais do que um atestado de reverência ao Gang of Four, uma porta de entrada para a banda aos anos 70.
Liderado pelo guitarrista e vocalista Barry Hyde, o Futureheads nasceu e cresceu em Sunderland -em maio eles até tocaram antes do último jogo do time da cidade, que acaba de voltar à primeira divisão do futebol inglês- e já ganhou lugar na nova leva de boas bandas britânicas e tocou/tocará em alguns dos maiores festivais europeus deste ano, como o T in the Park (Escócia), Glastonbury e o Carling Weekend (ambos na Inglaterra).
O nome do grupo é tirado do título de um disco dos psico-freaks Flaming Lips. Além de Gill, o disco conta com a ajuda de Paul Epworth (The Streets, Death from Above 1979, Sons & Daughters...), que, além de produtor, realiza grandes remixes (Bloc Party, New Order...).
Vem daí, talvez, os elementos dance encontrados no furioso rock do Futureheads. Como "Hounds of Love", animado e dançante cover de Kate Bush.
Ou em "Meantime" e "First Day", que lembram muito The Jam, com a voz na frente e guitarras quebradas dando o tom.
O Futureheads dá às suas canções uma melodia redonda, new wave e, ao mesmo tempo, nervosa, enérgica, punk, destacando-se nessa onda retrô do rock.
As músicas são rápidas -o disco tem 15 canções e dura 37 minutos-, parece que só entra ali o que é estritamente necessário; praticamente não há firulas.
Há algumas surpresas, como "Danger of the Water", uma canção quase à capella, meio anos 50. Mostra o Futureheads como uma banda que não tem vergonha de vasculhar o passado.
Mas são os anos 70 que fazem a cabeça da banda, e eles estão na melhor música do disco, "Decent Days and Nigths", em que The Jam, Blondie e Clash convivem harmoniosamente. Já em "Carnival Kids" o Futureheads escancara suas veias punks, numa espécie de manifesto jovem.
Mais do que um revisionismo pop preguiçoso, o Futureheads faz 1979 soar 2005.
(TN)


The Futureheads
   
Artista: The Futureheads
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35, em média (o disco chega às lojas em outubro)


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