São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Público quer ver mais filmes dublados

Salas de cinema passam cada vez mais produções faladas em português; exibidor afirma que a tendência já é "realidade"

Grandes estúdios e redes reconhecem crescimento na venda de ingressos; São Paulo já tem salas com mais cópias dubladas

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

O filme "Duro de Matar 4.0" entrou em cartaz nos cinemas na sexta-feira com cerca de 350 cópias. Em 60 delas, a performance de Bruce Willis como John McClane é falada em alto e bom português, algo bastante incomum até este ano em um filme cuja censura é 14 anos.
Mas, no mercado milionário das megaproduções de Hollywood, tudo tem um bom motivo: estúdios e salas de cinema brasileiras perceberam que muitos adultos preferem assistir a filmes dublados, além das animações e dos infantis.
Patricia Kamitsuji, diretora-geral da FOX Film do Brasil, explica por que decidiu colocar John McClane (Bruce Willis) falando em português.
"Além de ter sido bem-sucedida nos cinemas, a série também tem uma excelente performance em DVDs e na TV, canais nos quais é consumida, em boa parte, dublada."
Para ela, a dublagem de títulos voltados para adultos amplia o potencial do filme, pois oferece uma opção a mais para um grupo de consumidores que eventualmente não veria a versão legendada. "Produções com apelo para o público geral fazem parte dos lançamento dos estúdios, e, nesses casos, a versão dublada faz todo sentido."
Somente os filmes de alto orçamento, de censura inferior a 10 anos de idade e rotulados pelos estúdios como "para a família" são, geralmente, dublados -dublar um filme é caro: custa entre R$ 60 mil e R$ 80 mil.
O longa de ação "Transformers", com cenas de destruição e leves referências sexuais em um diálogo, só se encaixa na primeira exigência (custou US$ 147 milhões). Mas entrou nos cinemas com 280 cópias dubladas contra 260 legendadas.
"Temos que oferecer a versão mais adequada e comercial. Versões dubladas podem ampliar o público de um filme, mas não acho que a dublagem seja uma tendência", explica Cesar Silva, diretor-geral da Paramount Pictures Brasil, que lançou "Transformers".
Mais entusiasmado com o investimento em versões dubladas está André Sala, diretor de vendas da Sony/Disney. "Há o interesse do público para filmes dublados. É uma tendência." Sala confirma em números a sua animação. "Quando saiu, em 2003, "Piratas do Caribe" só teve cópias legendadas que atraíram 1,8 milhão de pessoas aos cinemas; sua seqüência, de 2006, teve 346 cópias legendadas e 133 dubladas. O número de ingressos vendidos saltou para R$ 3,1 milhões."
Sala até defende que certos filmes fracassaram por não terem sido dublados. ""Motoqueiro Fantasma", censura 14 anos, teria feito mais público se tivesse cópia dublada. Estamos percebendo a tendência. Antigamente dublávamos filmes com censura de até 10 anos. Hoje temos de repensar isso."
O diretor-geral da Warner Bros. Pictures, José Carlos Oliveira, acredita que a tendência é um pedido dos próprios donos de salas de cinema. "O aumento de cópias dubladas reflete a aceitação do público e mostra um nicho de mercado a ser explorado, atendendo às solicitações dos exibidores."

Realidade
Na maior rede de salas de cinema do país, a Cinemark, o aumento da procura por filmes dublados já não é mais um tendência. "É uma realidade", diz Ricardo Szperling, diretor de programação da rede.
"Nos cinemas localizados em áreas com forte perfil popular, como os da zona leste e extremos norte e sul da cidade de São Paulo, e em cidades no interior do Estado, as performances em filmes de ação, como "Homem-Aranha 3", foram muito expressivas na versão dublada, chegando a ser até superiores às legendadas."
Segundo informações trazidas pelos gerentes da rede Cinemark, Szperling constatou que o público desses cinemas gosta da comodidade das cópias dubladas. "Além disso, o público cita que em filmes dublados prestam mais atenção nas cenas." Para "Duro de Matar 4.0", por exemplo, a rede aposta no Shopping Interlagos, que só exibe cópias dubladas.


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