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Vencedor rejeita o rótulo de regionalista
DA REPORTAGEM LOCAL
O cearense Ronaldo Correia de Brito, 58, ainda está
"digerindo" o prêmio de R$
200 mil anunciado anteontem. Ele venceu com o romance "Galileia" (Alfaguara). Radicado em Recife, é
dramaturgo e autor das coletâneas de contos "Livro dos
Homens", "Faca" (ambas pela Cosac Naify) e "As Noites e
os Dias".
"Galileia", que ganhará
uma versão francesa pela
editora Liana Levi, narra a
viagem de três primos ao sertão do Ceará, onde comparecem para o aniversário do
avô, patriarca da família.
O escritor rejeita o rótulo
de regionalista. "O que faço
não tem nada a ver com o
manifesto regionalista, com
os planos e pressupostos da
época", disse. Ao contrário,
afirma, sua intenção foi "desmontar os cânones do romance regionalista". Para
ele, "os personagens desmontam o próprio papel do
homem nessa sociedade patriarcal. São homens fragilizados em um mundo apodrecido, esfacelado".
Para o autor, "o Nordeste
contemporâneo é um mundo globalizado, é uma periferia da cidade. O sertão é São
Paulo", diz.
Para Correia de Brito, é como se seu livro mostrasse a
diáspora dos habitantes da
região e o choque deles quando voltam a confrontar os valores estabelecidos, quando
reveem suas origens pelo registro modernista. "É um romance de muito risco, sabia
que podia ser crucificado no
final. É como se fosse o fim
de uma trilogia que incluísse
meus livros de contos".
O escritor divide a literatura com a medicina. Trabalha
no Hospital Otávio de Freitas, em Recife, como clínico
de pacientes de traumatologia. Em 2007, foi escritor residente da Universidade da
Califórnia, em Berkeley.
Já o estreante Altair Martins, 34, ganhou o Prêmio
São Paulo com seu primeiro
romance "A Parede no Escuro". Ele já havia lançado os livros de contos "Como se
Moesse Ferro" (99), "Dentro
do Olho Dentro" (2001) e "Se
Choverem Pássaros" (2002),
finalista do Jabuti em 2003.
Ele dá aulas de literatura
em Porto Alegre. Seu livro,
elaborado ao longo de sete
anos, foi concluído em 2006
como mestrado na UFRGS e
entrelaça as histórias de duas
famílias que se veem sem a
figura paterna.
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