São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Vencedor rejeita o rótulo de regionalista

DA REPORTAGEM LOCAL

O cearense Ronaldo Correia de Brito, 58, ainda está "digerindo" o prêmio de R$ 200 mil anunciado anteontem. Ele venceu com o romance "Galileia" (Alfaguara). Radicado em Recife, é dramaturgo e autor das coletâneas de contos "Livro dos Homens", "Faca" (ambas pela Cosac Naify) e "As Noites e os Dias".
"Galileia", que ganhará uma versão francesa pela editora Liana Levi, narra a viagem de três primos ao sertão do Ceará, onde comparecem para o aniversário do avô, patriarca da família.
O escritor rejeita o rótulo de regionalista. "O que faço não tem nada a ver com o manifesto regionalista, com os planos e pressupostos da época", disse. Ao contrário, afirma, sua intenção foi "desmontar os cânones do romance regionalista". Para ele, "os personagens desmontam o próprio papel do homem nessa sociedade patriarcal. São homens fragilizados em um mundo apodrecido, esfacelado".
Para o autor, "o Nordeste contemporâneo é um mundo globalizado, é uma periferia da cidade. O sertão é São Paulo", diz.
Para Correia de Brito, é como se seu livro mostrasse a diáspora dos habitantes da região e o choque deles quando voltam a confrontar os valores estabelecidos, quando reveem suas origens pelo registro modernista. "É um romance de muito risco, sabia que podia ser crucificado no final. É como se fosse o fim de uma trilogia que incluísse meus livros de contos".
O escritor divide a literatura com a medicina. Trabalha no Hospital Otávio de Freitas, em Recife, como clínico de pacientes de traumatologia. Em 2007, foi escritor residente da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Já o estreante Altair Martins, 34, ganhou o Prêmio São Paulo com seu primeiro romance "A Parede no Escuro". Ele já havia lançado os livros de contos "Como se Moesse Ferro" (99), "Dentro do Olho Dentro" (2001) e "Se Choverem Pássaros" (2002), finalista do Jabuti em 2003.
Ele dá aulas de literatura em Porto Alegre. Seu livro, elaborado ao longo de sete anos, foi concluído em 2006 como mestrado na UFRGS e entrelaça as histórias de duas famílias que se veem sem a figura paterna.


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