São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2000


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MÚSICA
Três discos da cantora, compositora e instrumentista norte-americana Chan Marshall, 28, são lançados no país
Canções de Cat Power chegam ao Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

"Alguém como eu não causa grande confusão", diz Chan Marshall, 28, "mulher-banda" mais conhecida como Cat Power, sobre o fato de achar que o lançamento de três de seus discos no Brasil, nesta semana, não irá causar grande repercussão.
Gripada e tossindo muito, a cantora e compositora norte-americana, que abandonou o colégio em Atlanta (sul dos EUA), onde nasceu, e foi para Nova York se apresentar em casas noturnas, falou à Folha por telefone sobre os discos que chegam ao Brasil, "What Would the Community Think" (96), "Moon Pix" (98) e o recém-lançado "The Covers Record" (leia crítica abaixo).
"Em "What Would...", a música era mais direta, mais dirigida, tinha mais pulso. "Moon Pix" tem um ritmo muito mais desorganizado, fragmentado. E, claro, esse novo disco não tem ritmo nenhum, a não ser o dos meus dedos", explica.
O que causa a grande diferença entre os discos é o acompanhamento, segundo ela. No disco de 96, tocam com Chan o baterista Steve Shelley, do Sonic Youth, e o guitarrista Tim Foljahn, do Two Dollars.
Em "Moon Pix", gravado na Austrália, tocam membros do Dirty Three, cultuado trio de Melbourne que costuma colaborar com o cantor Nick Cave. E, em "The Covers Record", projeto de regravações que traz músicas de Bob Dylan e dos Rolling Stones, entre outros, Chan canta e toca piano e guitarra, sozinha.
As letras, ela as escreve dedilhando o violão e olhando através da janela. "Quando estou em meu quarto, olhando pela janela, apenas cantando essas letras que estão saindo de dentro de mim, estou apenas tentando me conectar com algo melhor", afirma.
É desse impulso que saem letras fragmentadas, estrofes que não se conectam, versos que se contradizem, como "meu irmão é velho e cinza, e ele tem apenas 17" ou "se eu fosse uma fotógrafa e tirasse fotos de gente bonita, eu cometeria um erro porque, provavelmente, eu tiraria um retrato teu", que ganham vida com a bela voz da moça.
E, apesar de compor, tocar e cantar, Chan diz que não se considera uma artista. "Não faz sentido para mim, porque tem tanta gente passando fome, sem ter onde morar, fora da realidade... Eles são artistas também, e ninguém dá a mínima para eles."
Chan aproveita a conversa para perguntar sobre o Brasil e fica animada com o Rock in Rio, que acontece em janeiro. "Eu conheço o Dave Grohl, ele poderia me dar uns passes para o "backstage", aí eu poderia subir no palco e ver a multidão... Quem sabe eu não faço uns shows no Rio, antes ou depois do festival?", diz, referindo-se ao líder do Foo Fighters, que toca no megaevento.
Ela também interrompe a entrevista para mandar uma singela mensagem: "Posso dar um recado para a Gisele (Bündchen), a supermodelo? Gostaria de dizer (pigarreia e grita): é melhor você ficar longe do meu namorado (risos)! Se você botar a mão nele algum dia, eu te estrangulo!".
(MARCELO VALLETTA)

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