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MÚSICA
Três discos da cantora, compositora e instrumentista norte-americana Chan Marshall, 28, são lançados no país
Canções de Cat Power chegam ao Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
"Alguém como eu não causa
grande confusão", diz Chan
Marshall, 28, "mulher-banda"
mais conhecida como Cat Power,
sobre o fato de achar que o lançamento de três de seus discos no
Brasil, nesta semana, não irá causar grande repercussão.
Gripada e tossindo muito, a
cantora e compositora norte-americana, que abandonou o colégio em Atlanta (sul dos EUA),
onde nasceu, e foi para Nova York
se apresentar em casas noturnas,
falou à Folha por telefone sobre
os discos que chegam ao Brasil,
"What Would the Community
Think" (96), "Moon Pix" (98) e o
recém-lançado "The Covers Record" (leia crítica abaixo).
"Em "What Would...", a música
era mais direta, mais dirigida, tinha mais pulso. "Moon Pix" tem
um ritmo muito mais desorganizado, fragmentado. E, claro, esse
novo disco não tem ritmo nenhum, a não ser o dos meus dedos", explica.
O que causa a grande diferença
entre os discos é o acompanhamento, segundo ela. No disco de
96, tocam com Chan o baterista
Steve Shelley, do Sonic Youth, e o
guitarrista Tim Foljahn, do Two
Dollars.
Em "Moon Pix", gravado na
Austrália, tocam membros do
Dirty Three, cultuado trio de Melbourne que costuma colaborar
com o cantor Nick Cave. E, em
"The Covers Record", projeto de
regravações que traz músicas de
Bob Dylan e dos Rolling Stones,
entre outros, Chan canta e toca
piano e guitarra, sozinha.
As letras, ela as escreve dedilhando o violão e olhando através
da janela. "Quando estou em meu
quarto, olhando pela janela, apenas cantando essas letras que estão saindo de dentro de mim, estou apenas tentando me conectar
com algo melhor", afirma.
É desse impulso que saem letras
fragmentadas, estrofes que não se
conectam, versos que se contradizem, como "meu irmão é velho e
cinza, e ele tem apenas 17" ou "se
eu fosse uma fotógrafa e tirasse
fotos de gente bonita, eu cometeria um erro porque, provavelmente, eu tiraria um retrato teu",
que ganham vida com a bela voz
da moça.
E, apesar de compor, tocar e
cantar, Chan diz que não se considera uma artista. "Não faz sentido
para mim, porque tem tanta gente
passando fome, sem ter onde morar, fora da realidade... Eles são artistas também, e ninguém dá a
mínima para eles."
Chan aproveita a conversa para
perguntar sobre o Brasil e fica animada com o Rock in Rio, que
acontece em janeiro. "Eu conheço
o Dave Grohl, ele poderia me dar
uns passes para o "backstage", aí
eu poderia subir no palco e ver a
multidão... Quem sabe eu não faço uns shows no Rio, antes ou depois do festival?", diz, referindo-se ao líder do Foo Fighters, que toca no megaevento.
Ela também interrompe a entrevista para mandar uma singela
mensagem: "Posso dar um recado para a Gisele (Bündchen), a supermodelo? Gostaria de dizer (pigarreia e grita): é melhor você ficar longe do meu namorado (risos)! Se você botar a mão nele algum dia, eu te estrangulo!".
(MARCELO VALLETTA)
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