São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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CINEMA

comentário

Longa revela maturidade de Salles e Thomas

SERGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Dos oito longas de ficção de Walter Salles, os três realizados com Daniela Thomas integram núcleo ligeiramente à parte, mais orgânico no conjunto e correspondente a uma notável trajetória de amadurecimento. Salles tinha apenas um longa no currículo ("A Grande Arte", 1991) quando dirigiu com Thomas "Terra Estrangeira" (1996), cinema de urgência sobre a era Collor e o sentimento de desilusão com o Brasil.
O impacto de métodos de filmagem usados para contar uma história de desterro seria determinante para sua carreira, bem como a idéia de falar do país não em forma de discurso sobre uma tese, recorrente em boa parte da produção brasileira, mas a partir de situações vividas por gente comum.
Quando os dois se reencontraram para realizar "O Primeiro Dia" (1998), Salles já era o premiado cineasta de "Central do Brasil" (1998). A parceria com Thomas o afastou da exacerbação sentimentalista de "Central" para reaproximá-lo do minimalismo nos métodos de realização e do conseqüente foco dramático em personagens construídos com intensa participação dos atores na busca por uma autenticidade que levasse o espectador para dentro do filme.
"Linha de Passe" celebra novamente a busca por uma autoria coletiva que se localiza, entre outros aspectos, no encontro com as contribuições da equipe e na incorporação do cenário no desenvolvimento da narrativa (São Paulo é a protagonista).
"Anda", o mantra que o espectador leva para casa ao final de "Linha de Passe", se aplica também aos reencontros cada vez mais maduros da dupla Salles-Thomas. Eles vêm andando, e sua caminhada é singular.


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