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CINEMA
comentário
Longa revela maturidade de Salles e Thomas
SERGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Dos oito longas de ficção
de Walter Salles, os três
realizados com Daniela
Thomas integram núcleo
ligeiramente à parte, mais
orgânico no conjunto e
correspondente a uma notável trajetória de amadurecimento. Salles tinha
apenas um longa no currículo ("A Grande Arte",
1991) quando dirigiu com
Thomas "Terra Estrangeira" (1996), cinema de urgência sobre a era Collor e
o sentimento de desilusão
com o Brasil.
O impacto de métodos
de filmagem usados para
contar uma história de
desterro seria determinante para sua carreira,
bem como a idéia de falar
do país não em forma de
discurso sobre uma tese,
recorrente em boa parte
da produção brasileira,
mas a partir de situações
vividas por gente comum.
Quando os dois se reencontraram para realizar
"O Primeiro Dia" (1998),
Salles já era o premiado cineasta de "Central do Brasil" (1998). A parceria com
Thomas o afastou da exacerbação sentimentalista
de "Central" para reaproximá-lo do minimalismo
nos métodos de realização
e do conseqüente foco dramático em personagens
construídos com intensa
participação dos atores na
busca por uma autenticidade que levasse o espectador para dentro do filme.
"Linha de Passe" celebra novamente a busca
por uma autoria coletiva
que se localiza, entre outros aspectos, no encontro
com as contribuições da
equipe e na incorporação
do cenário no desenvolvimento da narrativa (São
Paulo é a protagonista).
"Anda", o mantra que o
espectador leva para casa
ao final de "Linha de Passe", se aplica também aos
reencontros cada vez mais
maduros da dupla Salles-Thomas. Eles vêm andando, e sua caminhada é singular.
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