São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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Crítica/"Sou - Nós"

Disco traz Camelo tocando melhor e mais "bicho-grilo"

DA SUCURSAL DO RIO

É claro que não dá para arrancar nenhuma explicação de Marcelo Camelo, mas o jogo entre "Sou" e "Nós" do título parece estar espelhado nas letras do CD. Em algumas, fala-se de solidão e saudade. Em outras, do aceitar com prazer o acaso de se viver. "Doce Solidão", balada que gruda no ouvido, resume as duas vertentes: "Posso estar só mas sou de todo mundo". As músicas de "Sou - Nós" têm algo de extensão das que Camelo mostrou em "4", o último disco do Los Hermanos: pouco peso sonoro e letras mais soltas, ficando até enigmáticos alguns encadeamentos de palavras. Ele mesmo diz que nunca estranhou tanto ver os versos no papel, pois só os entendia como parte dos sons. As letras não se aprofundam muito. É como se o movimento fosse horizontal, tristezas e alegrias ao sabor do vento: "Caminho em frente pra sentir saudade" ("Janta", com Mallu Magalhães); "Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom" ("Liberdade", ao lado de Dominguinhos). Sem a pegada roqueira dos Hermanos, Camelo fica mais livre para soltar seu jeito bicho-grilo-ano 2000 de cantar e compor. Algumas faixas longas geram trechos soporíferos, e os ruídos aqui e ali só devem satisfazer ao próprio artista. Mas o CD confirma seu estilo peculiar, que tem momentos bons em "Téo e a Gaivota", "Menina Bordada" e "Saudade". Ele ainda refaz, com violão e orquestra de cordas, "Santa Chuva", sucesso de Maria Rita. Nem todos os fãs dos Hermanos vão gostar, mas reconheça-se: Camelo está tocando melhor e, como diz, mais "relaxado".
(LFV)

SOU - NÓS
Artista: Marcelo Camelo
Gravadora: Zé Pereira
Quanto: R$ 25, em média
Avaliação: bom



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