São Paulo, sábado, 5 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA

Andy brilha nos vocais

da enviada especial a Miami(EUA)

"Angel", a canção que nos pega pela mão para percorrer "Mezzanine", o disco, também iniciou o show entorpecente criado pelo Massive Attack e apresentado anteontem à noite em Miami, estréia norte-americana da turnê.
Surpreendentemente, os três membros permanentes da banda, Robert Del Naja, Grant Marshall e Andrew Vowles, aparecem mais como condutores do que como intérpretes de suas canções.
Eles ficam ausentes do palco em pelo menos um terço das músicas, sem o menor prejuízo para o espetáculo. Os cantores Deborah Miller e Horace Andy brilham em canções como "Spying Glass" e "Man Next Door", além de proporcionar, juntos, um dos momentos altos do show: "Safe from Harm", que fecha a primeira parte.
Em "Teardrop", Deborah Miller mostra que não fica atrás de Liz Fraser, dona de uma das vozes femininas mais delicadas e ao mesmo tempo penetrantes das últimas décadas. Mesmo quando não está cantando, a presença de Miller no palco é marcante.
O repertório do show, como não poderia deixar de ser, é mais centrado em "Mezzanine", mas inclui canções dos três discos. Hits ganharam novos arranjos. O melhor exemplo é "Karmacoma", de "Protection", com introdução totalmente nova. As mudanças, no entanto, não descaracterizam o que já está dado nos CDs.
O clima etéreo, viajante, ganha peso com a banda que acompanha o trio, incluindo o guitarrista Angelo Bruschini, que participou da gravação de "Mezzanine".
Durante quase duas horas de show, eles desfilaram 16 músicas, fazendo o público passear pela levada reggae com efeitos dub, as intervenções mais para o rap de Mushroom Vowles no sistema P.A., a voz quase gutural de Grant Marshall e os efeitos que saem dos teclados de Michael Timothy.
Dos três "homens fixos", no entanto, Del Naja é o mais presente. Todo de preto, parece conduzir o show e ditar seu andamento, feito de muito barulho entremeado por silêncios estratégicos .
O bis, formado por quatro músicas, é dividido em duas partes. A receita tem sentido, já que a platéia, aos gritos, não se cansava de pedir mais. Mas o final veio, com uma versão pesadíssima de "Group Four". (PD)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.