LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Boa parte das 1.500 pessoas presentes no show do guitarrista Yngwie Malmsteen em Porto Alegre, na noite de terça, deu uma demonstração de intolerância que gerou protestos por parte do músico de heavy metal, sueco radicado há 20 anos nos EUA.
Quando ele tocou o hino norte-americano, em referência aos atentados contra Nova York e Washington no último dia 11, foi vaiado pelo público do bar Opinião, que o provocou gritando "Bin Laden".
Yngwie Malmsteen mostrou sua contrariedade. As reações mais virulentas partiram do único norte-americano a integrar sua banda, o tecladista Derek Sherinian, que lamentou o fato na sua página na internet (www.dereksherinian.com).
Na primeira hora do show, o vocalista Doogie White fez referências aos atentados, lembrando que a apresentação foi atrasada em uma semana por esse motivo.
O problema ocorreu quando Malmsteen dedilhou em sua guitarra acordes do hino norte-americano, "Star Spangled Banner". Surgiram vaias entremeadas por gritos de "Brasil".
Nas três vezes em que se arriscou no hino dos Estados Unidos, as vaias retornaram, vindas de jovens entre 17 e 25 anos.

Outras apresentações
Pouco antes de terminar a apresentação em Porto Alegre, o guitarrista apresentou sua banda -um argentino, um norte-americano, um escocês e um suíço, todos radicados nos EUA. Sinais obscenos foram trocados entre o público e o tecladista.
Antes de a banda -com show marcado para a noite de ontem em Curitiba- deixar o palco, Malmsteen gritou: "God bless America and fuck you all" (Deus abençoe a América, e fodam-se todos vocês).
Hoje, Malmsteen deve tocar no Via Funchal, em São Paulo. Em Porto Alegre, os músicos da banda não quiseram se manifestar sobre o episódio.
Na internet, o tecladista norte-americano definiu a situação como "chocante": "Ver manifestações antiamericanas na CNN é ruim, mas estar no meio de uma delas é realmente assustador. (...) Terminei o show chateado, sem olhar para a platéia. Para as pessoas de Porto Alegre: vocês deviam ter vergonha. Não ligo se nunca mais vier a tocar em sua cidade terceiro-mundista infestada de caipiras".