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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Free Jazz evoca Orishas
Grupo cubano, cujo disco de estréia, "A Lo Cubano", acaba de ser lançado no Brasil, participará do festival que acontece em outubro no Rio e em SP
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo cubano Orishas, que
você vai poder ver ao vivo, no palco New Directions, do Free Jazz,
ficou famoso ao lançar uma versão hip hop para o clássico "Chan
Chan", de Compay Segundo.
A música, que ganhou o nome
de "537 Cuba", está no CD de estréia dos Orishas, "A Lo Cubano",
que acaba de sair no Brasil.
"Quisemos gravar a música para matar as saudades que temos
de morar em Cuba", disse à Folha
Roland Gonzales, que, assim como os outros três integrantes do
Orishas, mora atualmente em Paris. Quer saber por que os Orishas
deixaram Cuba? Leia, então, a entrevista com o músico.
Folha - Por que resolveram sair
do seu país?
Roland Gonzales - A vida particular de cada um pesou muito na
decisão. Quisemos sair de Cuba
por um tempo. Também por causa das condições de conduzir nosso trabalho melhor fora de lá. Moro em Paris há cinco anos. Minha
noiva e meus dois filhos moram
comigo aqui. Mas gostaria muito
de poder voltar a morar em Cuba.
Folha - A cena rap de Havana é
bem movimentada, não?
Gonzales - Sim. Há atualmente
uns 200 grupos de rap em Havana. Alguns conseguem chegar a
gravar CDs, outros desaparecem.
O importante é que o gênero seja
reconhecido e aceito um pouco
mais a cada dia.
Folha - Como é o relacionamento
dos rappers com o pessoal mais velho, como os músicos que aparecem no [filme" "Buena Vista Social
Club"?
Gonzales - Tivemos a oportunidade de dividir o palco com Compay Segundo, Buena Vista e Van
Van, e eles disseram gostar muito
do que a nova geração vem fazendo. Acham que é uma fusão muito importante. É uma honra ouvir
esse tipo de comentário de caras
como eles, que são verdadeiras
lendas para nós.
Folha - Quem teve a idéia de fazer
uma versão de "Chan Chan"?
Gonzales - Aconteceu de forma
natural no estúdio, enquanto gravávamos as primeiras demos.
Adoramos a música. Quisemos
gravá-la para matar as saudades
que temos de morar em Cuba.
Folha - O que vocês esperam encontrar no Brasil? Conhecem música brasileira?
Gonzales - Conhecemos os clássicos, como Gilberto Gil e Milton
Nascimento. Tocamos uma vez
com a Fernanda Abreu, em Lisboa, e temos uma lembrança muito feliz dessa apresentação. Mas é
difícil manter-se atualizado quando se trata de música brasileira
porque seu país é muito rico e
produtivo em termos de novos talentos.
Folha - Vocês estão trabalhando
num disco novo?
Gonzales - Já temos umas 20
músicas prontas. Agora temos de
escolher umas 12 para o disco, que
vai sair em fevereiro de 2002.
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