São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra sob curadoria de Catherine David aborda ocupação de espaços urbanos por coletivos de artistas em Paris

"Squats" são alvo de exposição na França

DO ENVIADO AO RIO

A ocupação de espaços inusitados por artistas acaba de ganhar reconhecimento em Paris, com a exposição "Squats d'Artistes: Documents", no Palais de Tokyo.
Os "squats" são a forma que franceses definem o movimento de coletivos de artistas que ocupam edifícios abandonados, o que ocorre desde a década de 80, na França.
A exposição apresenta registros documentais de 19 grupos no mais recente e badalado espaço cultural parisiense. Há mais de 500 artistas que participam de "squats" na capital francesa.
Entretanto, segundo a curadora Catherine David, a mostra no Palais de Tokyo tem uma função de "pacificação".
"Vários "squats" estavam sendo fechados pela prefeitura, e a exposição foi uma política das instituições culturais para satisfazer os grupos e acalmar a polêmica", diz a curadora.
"O "squat" não é uma receita internacional. O objetivo do São Paulo S.A. não é "federar squats", até porque a noção no Brasil é diferente da França, mas trabalhar com grupos que atuam com o máximo conhecimento do lugar que ocupam", afirma a curadora, em seu perfeito português.
Entre os grupos que o São Paulo S.A. pretende trabalhar está o projeto Olho SP, que até a última quinta-feira ocupou três ambientes justamente no edifício Copan. O grupo é formado por nove artistas formados na Universidade de São Paulo (USP), que teve início em 1998.
O nome da intervenção no prédio de Niemeyer foi "Plano Copan". No térreo do prédio, foi instalado um balcão de informações do grupo e das atividades no Copan, enquanto, no foyer do bloco F, uma exposição documental apresentava desde réplicas de propagandas do lançamento da construção do edifício, em 1952, até um vídeo que propunha um diálogo entre a galeria comercial do Copan com as galerias de outros prédios no centro da cidade de São Paulo, obra de Fernanda Panaka, Flávia Yue e João Paulo Leite.
Já na loja 48 do edifício, o grupo realizava uma intervenção mais radical ao transformar o pequeno espaço comercial numa grande instalação.
"Tivemos um apoio importante da administração do prédio e vários moradores defendem que o Copan seja um espaço ocupado por artistas", diz Rodrigo Matheus, um artistas do Olho SP.
"Esse é o tipo de ação que devemos estimular", disse David, que encontrou-se recentemente com Matheus e hoje se reúne com o grupo, em São Paulo.
O grupo prepara agora outra intervenção na cidade, no fim de novembro, que se encontra em fase de definição. (FÁBIO CYPRIANO)

O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da produção da exposição "O Outro Começa Onde Nossos Sentidos se Encontram com o Mundo"



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