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Louis Arms trong é tema de 3º volu me da Coleç ão Folha
Livro-CD dedicado ao trompetista e cantor estará nas bancas neste domingo
Disco traz o peculiar timbre rouco do músico em canções de sucesso como "What a Wonderful World" e
"High Society Calypso"
DA REPORTAGEM LOCAL
Há músicos cuja personalidade é tão forte que a gente reconhece logo que começam a
tocar. Não é preciso ser especialista para identificar a voz
inconfundível de Louis Armstrong (1901-1971), que está no
terceiro volume da Coleção Folha Clássicos do Jazz, nas bancas neste domingo.
O disco traz o timbre rouco
peculiaríssimo de Armstrong
em algumas de suas canções de
maior sucesso, como a lírica
"What a Wonderful World", de
1967, amplamente utilizada no
cinema em filmes como "Bom
Dia, Vietnã" (Barry Levinson,
1987) e "Tiros em Columbine"
(Michael Moore, 2002), ou ainda a lúdica "High Society
Calypso", celebrizado em "Alta
Sociedade", filme de 1956, no
qual atuou com Bing Crosby,
Frank Sinatra e Gene Kelly.
Um dos primeiros intérpretes a gravar o estilo jazzístico de
interpretação vocal conhecido
como "scat", Armstrong derivou seu jeito de cantar do estilo
que empregava ao trompete
-instrumento que jamais foi o
mesmo após suas inovações,
como variações de timbre, dedilhados inesperados, quebras
rítmicas, cromatismo, fluência
e ousadia harmônica.
Bicos
Nascido em Nova Orleans
(cujo aeroporto receberia seu
nome, em 2001), em 4 de agosto de 1901 (a data certa só foi
descoberta nos anos 80; Armstrong morreu achando que tinha nascido em 4 de julho de
1900), era filho de um operário
de fábrica de solventes que
abandonou a família pouco depois de seu nascimento.
Entregue pela mãe à avó aos
cinco anos, não freqüentava a
escola nem a igreja, preferindo
fazer pequenos bicos para arrumar dinheiro. Enquanto limpava túmulos e vendia carvão no
cemitério, montou um quarteto vocal com outros três meninos da sua idade, aos 11, também para ganhar uns trocados.
Datam dessa época os apelidos referentes ao tamanho nada desprezível de sua boca -os
colegas os chamavam de Dipper (redução de dippermouth,
ou "boca mais profunda") e de
Satchelmouth ("boca de valise", cuja redução, Satchmo, tornou-se a alcunha pela qual
Armstrong seria correntemente designado).
Seis tiros dados para o alto,
por farra, em 1912, com um revólver "emprestado" pelo padrasto, dariam o caminho da vida do garoto. Enviado a um reformatório comandado por militares, conheceu Peter Davis,
professor de música e regente
da orquestra da instituição.
A orientação de Davis ajudou
Armstrong a endireitar uma
técnica que, até então, era meramente intuitiva, e a aparecer
com sucesso -inicialmente,
em sua cidade natal, e, posteriormente, em Chicago e Nova
York, nos grupos de King Oliver (seu primeiro mentor musical) e Fletcher Henderson,
até montar sua própria banda.
Entre 1929 e 1947, Armstrong tocou com uma big band,
para, em seguida, com músicos
como Barney Bingard (clarinete) e Jack Teagarden (trombone), estruturar os All-Stars,
sexteto no modelo de Nova Orleans com o qual tocaria (com
mudanças de membros, mas
sem troca na instrumentação)
até o fim de seus dias, em turnês que levaram sua arte à Europa, à África, ao Extremo
Oriente e à América do Sul.
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