São Paulo, segunda, 5 de outubro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Maior colecionador do país e filho do fundador do museu não deixava obras lá por "inconfiabilidade"
Masp finalmente recebe Chateaubriand

PAULO VIEIRA
especial para a Folha

Em 93, quando decidiu doar sua coleção de cerca de 3.000 obras ao MAM do Rio, Gilberto Chateaubriand disse à Folha que seu acervo "nunca poderia ir para o Masp, que sempre me passa certa inconfiabilidade".
Não bastassem seus figadais problemas com o fundador do museu e seu pai, Assis Chateaubriand, Gilberto vivia às turras com o diretor do Masp, Pietro Maria Bardi. O colecionador temia que, mesmo com Bardi afastado da direção do museu, "sua influência permanecesse".
A Lusitana roda, e hoje, quase seis anos depois, o Masp abre a mais importante exposição off-Bienal, com 297 obras da coleção Gilberto Chateaubriand. Desde então a coleção cresceu, e agora conta com 4.000 títulos. É de longe a mais consistente de arte brasileira moderna e contemporânea.
Dividida em dois blocos -o modernismo (Anita, Tarsila, Rego Monteiro, Brecheret, Portinari etc.) e a contemporaneidade (Saciloto, Oiticica, Waltércio Caldas, Roberto Magalhães, Romagnolo)-, e com dois curadores, a mostra tenta dar conta de quase toda a arte brasileira do século 20, excluídos os acadêmicos das duas primeiras décadas. A mostra tem seu marco cronológico em 1912, com Anita Malfatti, ainda amarrada aos grilhões do academismo, a ensaiar seu desembarque no expressionismo. Passa pelas abstrações, consolidadas nos anos 50 com a 1ª Bienal, e tem grande expressão nos anos 60 -"época em que havia preocupações políticas e não um projeto estético entre os artistas visuais", no entender do curador Reinaldo Roels Jr.
Chega aos anos 90, uma década bem privilegiada na coleção.
"Acho que comprei mais artistas dos 90 que dos 80. O mercado está mais organizado, e as obras, evidentemente, mais caras", comentou Chateaubriand. Entre suas últimas aquisições, mais de 30 desenhos de Farnese de Andrade -que tem retrospectiva na Nova Galeria- e o tridimensional "Vai-e-Vem", de Ernesto Neto, artista presente na Bienal.
Há na mostra alguns "cartões-postais" da arte brasileira, como "Vendedor de Frutas", de Tarsila, " O Farol", obra expressionista de Anita Malfatti de 1915, o tríptico "Multidão", obra de 68 de Claudio Tozzi, "Lindonéia - A Gioconda do Subúrbio", de Rubens Gerchman, e "Clarovermelho", de Aluísio Carvão.

Exposição: O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 011/ 251-5644)
Quando: ter. a dom., 11h às 20h
Quanto: R$ 8 (grátis para menores de 10 anos e maiores de 60 anos)
Vernissage: hoje, a partir das 19h



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