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ARTES PLÁSTICAS
Maior colecionador do país e filho do fundador do museu não deixava obras lá por "inconfiabilidade"
Masp finalmente recebe Chateaubriand
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Em 93, quando decidiu doar sua
coleção de cerca de 3.000 obras ao
MAM do Rio, Gilberto Chateaubriand disse à Folha que seu acervo "nunca poderia ir para o Masp,
que sempre me passa certa inconfiabilidade".
Não bastassem seus figadais problemas com o fundador do museu
e seu pai, Assis Chateaubriand,
Gilberto vivia às turras com o diretor do Masp, Pietro Maria Bardi. O
colecionador temia que, mesmo
com Bardi afastado da direção do
museu, "sua influência permanecesse".
A Lusitana roda, e hoje, quase
seis anos depois, o Masp abre a
mais importante exposição off-Bienal, com 297 obras da coleção
Gilberto Chateaubriand. Desde
então a coleção cresceu, e agora
conta com 4.000 títulos. É de longe
a mais consistente de arte brasileira moderna e contemporânea.
Dividida em dois blocos -o modernismo (Anita, Tarsila, Rego
Monteiro, Brecheret, Portinari
etc.) e a contemporaneidade (Saciloto, Oiticica, Waltércio Caldas,
Roberto Magalhães, Romagnolo)-, e com dois curadores, a
mostra tenta dar conta de quase
toda a arte brasileira do século 20,
excluídos os acadêmicos das duas
primeiras décadas. A mostra tem
seu marco cronológico em 1912,
com Anita Malfatti, ainda amarrada aos grilhões do academismo, a
ensaiar seu desembarque no expressionismo. Passa pelas abstrações, consolidadas nos anos 50
com a 1ª Bienal, e tem grande expressão nos anos 60 -"época em
que havia preocupações políticas e
não um projeto estético entre os
artistas visuais", no entender do
curador Reinaldo Roels Jr.
Chega aos anos 90, uma década
bem privilegiada na coleção.
"Acho que comprei mais artistas
dos 90 que dos 80. O mercado está
mais organizado, e as obras, evidentemente, mais caras", comentou Chateaubriand. Entre suas últimas aquisições, mais de 30 desenhos de Farnese de Andrade
-que tem retrospectiva na Nova
Galeria- e o tridimensional "Vai-e-Vem", de Ernesto Neto, artista
presente na Bienal.
Há na mostra alguns "cartões-postais" da arte brasileira, como
"Vendedor de Frutas", de Tarsila,
" O Farol", obra expressionista de
Anita Malfatti de 1915, o tríptico
"Multidão", obra de 68 de Claudio
Tozzi, "Lindonéia - A Gioconda do
Subúrbio", de Rubens Gerchman,
e "Clarovermelho", de Aluísio
Carvão.
Exposição: O Moderno e o Contemporâneo
na Arte Brasileira
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 011/
251-5644)
Quando: ter. a dom., 11h às 20h
Quanto: R$ 8 (grátis para menores de 10
anos e maiores de 60 anos)
Vernissage: hoje, a partir das 19h
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