São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Haja saúde clubber para o fim de ano eletrônico!

E, pronto, já começou a temporada de final de ano na cidade. Lembra no ano passado, que ninguém se aguentava em pé de tanta festa? Parece que todo mundo que tem verba sai correndo para pegar esses dois meses. Pois se joga. Nesta temporada, os superclubes têm papel fundamental, como na temporada 97/98.

A comunidade raver e os interessados em música estão histéricos para a rave Groove Nation, que traz pela primeira vez DAVE the Drummer ao Brasil, para um live PA, atração da festa, juntamente com Chris Liberator. DAVE é quem assina hits como "Build Up the Pressure", "Control", "Dynamo City" e a versão da trilha de "Batman" com as batidas aceleradíssimas e os timbres corrosivos que caracterizam o gênero. É a primeira vez que um line-up de peso internacional se reúne no país, mais representativos DJs da cena nacional. Os dois ingleses são tops do estilo acid techno e mestres da cena das free parties que revolucionaram o cenário das raves em Londres. A festa pretende ainda se manter fiel ao vibe, contando com a boa vontade e o bom senso das pessoas, com uma organização bem cuidada, dos convites ao ambiente. Boa sorte!


NA quinta que vem, temos dois DJs internacionais tocando em dois clubes diferentes. Será que entramos mesmo para o circuito? Na U-Turn tem festa da agência Hypno Management, que traz o DJ inglês Mathew Bushwacka B!, do The End, que esteve no Brasil ano passado e dessa vez divulga seu novo disco, "Low Life". A festa tem ainda apresentação do Superchocoboys. Já o talentoso e metidão Josh Wink toca na BASE, na festa de aniversário do clube (atenção que não é BASE e Diesel, é só BASE, assim não é um evento restrito ao público gay).

MAIS tops internacionais: meu amigo Jon Pleased Wimmin (ele veio para a festa da coluna, lembra, em 97?) volta para tocar dia 18 deste mês no Morana, ali onde era o Florestta, que reabriu com pouco quórum para Graeme Park. Dia 20 deste mês, ele também volta. É Paul Oakenfold, o marketing-man do século na dance music, literalmente com status de divindade, para tocar no Sirena de Maresias, parceria com a U-Turn. No dia 25 de novembro, a U-Turn recebe o DJ francês Jacques Lu Cont, uma das novas sensações da cena francesa, com seu Les Rhythmes Digitales (e a Indie Records já tem a coqueluche francesa Alex Gopher e os Les Rhythmes Digitales). Dia 30, o clube traz o DJ Noise, da Alemanha, um dos DJs da Love Parade, e dia 9 de dezembro tem a volta de Danny Rampling, que dessa vez toca na U-Turn.

E o mercado das paradas eletrônicas pega fogo. E até Belo Horizonte entrou na onda. O DJ Anderson Noise terá um bloco neste sábado no Carnabelô, o penúltimo da noite. A Parada da Paz prossegue seus preparativos para o dia 27 deste mês. Nove trios elétricos já estão confirmados: o da Trama, trazendo os artistas da gravadora; o da Red Bull, tocando drum'n bass (Marky e seu clã) e house; os trios dos clubes BASE e U-Turn, com os DJs residentes de cada casa; o trio das raves, organizado por André Meyer e Veruska, e o carro da Slam. Outros quatro estão em via de confirmação. O trajeto começa na avenida Ibirapuera com a República do Líbano e termina no Monumento às Bandeiras, em frente à Assembléia Legislativa. Dessa vez, na praça onde fica o monumento, o povo vai poder saltar de bungee-jump ou voar de balão. Lembra que no ano passado a gente subiu no monumento do meu amigo Brecheret? Foi tudo.

E no Rio a coisa pega fogo. A Parada 2000, que vai acontecer no dia 1º de janeiro, teve de estabelecer o limite de dez caminhões porque as pessoas ficaram loucas com a idéia. O organizador, Ricardinho NS, está trabalhando com uma pessoa da Riotur, Roberto Hedler. A Sony Music terá um caminhão e produzirá um CD do evento. Outros carros já fechados são o da Bunker e gravadora Warner. Parece que até quem não tem nada a ver com música eletrônica quis entrar, tipo... a churrascaria Porcão! Só se for porque os clubbers vão lá comer pencas quando saem dos chill-outs!

BEM, nos dois casos, parece evidente que ninguém quer deixar a marca de fora dessas grandiosas oportunidades de marketing.

ENQUANTO isso, na vida real, Fabinho Siqueira e sua agência FAM conquistaram a conta da Yamaha, numa concorrência com quatro grandes. Ganhou pela diferenciação da criação, já voltada para modelos alternativos de mídia e approach.

E já viu a campanha nova da Cia. Marítima? Puro verão, com a distância em quilômetros para Trancoso, Maresias e Camburi sobre os contagiantes outdoors.

E o underground chega ao mainstream parte 2. Dois dos mais talentosos profissionais da área de beleza no Brasil estão agora na TV. Veja Duda Molinos no programa de Ana Maria Braga e Mauro Freire no comercial com a estrela Patricia Pillar. Reconhecimento mais que merecido.

E confirmou. Tem clube novo abrindo na Franz Schubert, com approach fashion para atrair público e mídia.

E abriu clube novo na cidade, o BCBG, na Tabapuã. Quem foi diz que o lugar é lindo, a decoração cara e chique, com veludos vermelhos tipo Chaos. A saber como eles vão dar prosseguimento à coisa. Viu que ainda tem público para os órfãos da Chaos, que continuam sua sina de "eu era feliz e não sabia".

E a reabertura da Chaos -em Nova York- foi uma roubada, segundo meu colega de trabalho, o colunista do "Village Voice", Michael Musto. Diz que eles mandaram mais convites do que o necessário, fecharam a porta do clube e ficou todo mundo se espremendo na calçada. Ele nem conseguiu entrar. Ô, coitado.

ACHOU a descrição semelhante ao que aconteceu aqui semana passada? São Paulo não é Nova York, mas dezenas de pessoas viveram mico semelhante no Halloween do champanhe Veuve Clicquot. Poderia ter sido mais um lance na deliciosa guerra de champanhes, mas o evento, na Casa das Caldeiras da fábrica Matarazzo, já está recebendo votos aqui de truque do ano, e olha que a votação dos Melhores da Noite Ilustrada nem abriu. Pronto! Está indicado pelo voto popular. Bem, a fantasia era obrigatorississíssima e teve até teaser, avisando as pessoas com antecedência da festa. Houve quem encomendasse fantasia; contratasse maquiador profissional de caracterização; fosse ao dentista colocar dente falso de vampiro (!!!!!!!) e usasse até o convite do Washington Olivetto, que, sorte dele, não pôde ir à festa. Mas nada. Todos esses, anônimos, conhecidos, descolados, mais ou menos famosos, mas todos convidados, ficaram ali. As portas foram fechadas, os seguranças mal-educados, e não havia host ou hostess para dar satisfação. A assessora de imprensa da festa disse anteontem que "a festa estava contratada para 1.200 pessoas, foram distribuídos 1.500 convites, pedindo para as pessoas confirmarem antes a presença. Isso é importante, porque, se for o caso, você reforça o buffet, as bebidas, o serviço de manobrista. Mas o brasileiro não tem o costume de fazer isso. À 0h45, a festa já tinha 1.200 pessoas, e o portão foi fechado até 1h15, quando algumas pessoas foram saindo. Muitos não esperaram. Vários convites também foram repassados, e as pessoas chegavam e não tinham o nome na lista, uma confusão. A gente não esperava uma adesão tão forte". Bem, alguns diabos foram para o Gourmet, outros para a U-Turn, outros para casa mesmo, azedos. Quem conseguiu entrar disse ainda que acabou a bebida (água também) e que tocava até Jota Quest e "Puro Êxtase", do Barão Vermelho.

PARE tudo agora: o jornal inglês "The Independent" dá dois clubes cariocas numa lista dos 50 melhores do mundo: o Maxims e a Help, de Copacabana.

E quem como eu perdeu o verão de Ibiza pode pedir para o chegado que mora em Londres o vídeo de "Manumission, the Movie". Enquanto isso, as revistas especializadas se dedicam a chochar Ibiza, falando que não é mais a mesma coisa e tal. Agora, né?

ENQUANTO isso, hoje tem o lançamento do número 3 da anárquica revista "Velotrol" no Lov.e. É hoje o aniversário da diva club Katia Miranda, na BASE/ Diesel. E também hoje tem a segunda edição da simpática noite de house do DJ André Juliani, no Pix.

TODO mundo ainda lamenta a trágica morte do produtor Suba, em um incêndio em seu apartamento, na última terça-feira. Não apenas talentoso e criativo, mas um apaixonado pelo Brasil e pela música, Suba imprimiu em todos os seus relacionamentos seu estilo tranquilo, doce e generoso. Seus amigos eram sua família brasileira e todos vão sentir para sempre a sua falta. Noite Ilustrada deixa aqui o seu respeito.

E-mail: palomino@uol.com.br


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