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Crítica
Cronenberg mostra virtualidade real
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"eXistenZ". É um título esquisito, um "atentado" ao manual deste jornal, mas é assim mesmo que se escreve. "eXistenZ" porque estamos num filme de David Cronenberg, em que o corpo humano vai adotando novas caligrafias, amoldando-se para atender a novas
funções.
Neste longa que passa
hoje, às 16h15, no Max Prime, o
mundo da realidade virtual é o
agente externo que deforma os
personagens. Portanto, uma
deformidade mais mental do
que física.
Uma vez que um segurança e
uma designer (Jude Law e Jennifer Jason Leigh) entram no
tal game interativo eXistenZ,
considerado o mais realista dos
jogos, para fugir e também enfrentar seus inimigos reais. Difícil discernir realidade de alucinação, e isso pouco importa.
Cronenberg já falara disso
em "Videodrome" (82), mas
ainda delimitava a fantasia da
realidade, ou seja, a causa do
efeito, para então fundi-los no
corpo do videomaker James
Woods. Em "eXistenZ", a imagem não é mais uma representação, uma vez que, sendo virtual, acaba imitando à perfeição a realidade, e, assim sendo,
também real.
É um grande filme que nos
faz pensar sobre também estarmos numa realidade virtual,
tamanha a nossa intimidade
com as imagens que reproduzem o mundo. Ainda que o pesadelo de Cronenberg seja pior, pois o corpo do herói sofre brutais alterações. Mas e nossas
mãos, que ficam "amputadas"
quando o celular está longe?
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