São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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Crítica

Cronenberg mostra virtualidade real

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"eXistenZ". É um título esquisito, um "atentado" ao manual deste jornal, mas é assim mesmo que se escreve. "eXistenZ" porque estamos num filme de David Cronenberg, em que o corpo humano vai adotando novas caligrafias, amoldando-se para atender a novas funções.
Neste longa que passa hoje, às 16h15, no Max Prime, o mundo da realidade virtual é o agente externo que deforma os personagens. Portanto, uma deformidade mais mental do que física.
Uma vez que um segurança e uma designer (Jude Law e Jennifer Jason Leigh) entram no tal game interativo eXistenZ, considerado o mais realista dos jogos, para fugir e também enfrentar seus inimigos reais. Difícil discernir realidade de alucinação, e isso pouco importa.
Cronenberg já falara disso em "Videodrome" (82), mas ainda delimitava a fantasia da realidade, ou seja, a causa do efeito, para então fundi-los no corpo do videomaker James Woods. Em "eXistenZ", a imagem não é mais uma representação, uma vez que, sendo virtual, acaba imitando à perfeição a realidade, e, assim sendo, também real.
É um grande filme que nos faz pensar sobre também estarmos numa realidade virtual, tamanha a nossa intimidade com as imagens que reproduzem o mundo. Ainda que o pesadelo de Cronenberg seja pior, pois o corpo do herói sofre brutais alterações. Mas e nossas mãos, que ficam "amputadas" quando o celular está longe?


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