São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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BNDES vai financiar co-produções de TV

Produtoras precisam ter parceiro internacional e exibição garantida no Brasil

Foco do programa é a liberação de recursos para animação e documentário; banco começará a linha com um limite de R$ 6 milhões

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) começará a financiar co-produções internacionais de TV independente. Na semana passada, o banco aprovou uma extensão do apoio ao audiovisual, que permite às produtoras independentes obter financiamento e também uma parcela de recursos não-reembolsáveis.
O foco do programa é o financiamento para animação e documentário. Segundo Luciane Gorgulho, chefe do departamento de Economia da Cultura do BNDES, são os setores com maior demanda em co-produções. Projetos religiosos e noticiosos não terão acesso.
De acordo com Fernando Dias, presidente da ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão), existem cerca de 120 projetos de co-produções internacionais parados à espera de financiamento. Segundo ele, a partir da consolidação da TV a cabo no Brasil, houve um aumento do número de produtoras que passaram a trabalhar com especiais para TV e que começaram a participar de eventos internacionais.
"A produção independente não tem muito espaço no Brasil porque o modelo da TV brasileira é verticalizado, focado em produção própria. Muitas produtoras têm reconhecimento internacional, mas não têm mercado aqui dentro. O setor está crescendo com a TV digital e estão sendo criadas novas possibilidades de ampliação do conteúdo", diz Gorgulho.
A busca por parcerias internacionais contribui para a melhor divulgação do produto no exterior. Cada parte se compromete a arcar com uma parcela dos custos da produção. Para a ABPITV, o problema era a escassez de financiamento para o setor no Brasil.
"Todo o sistema de financiamento foi feito para cinema, e não para TV. Existem editais de projetos para cinema da Petrobras, do BNDES, no Ministério da Cultura, e não tinha nada voltado para TV."
Os empréstimos para TV serão concedidos no âmbito do Procult, linha de financiamento destinada ao setor de economia da cultura. A diferença é que as produções terão direito a um bônus de recursos que não precisarão ser pagos ao BNDES. Para animações, o percentual de bônus é de até 75% do financiamento, e para documentários, de 50%. Em vez do modelo de edital adotado para o setor de cinema, o modelo será o de mercado de balcão.
O banco decidiu começar a linha com um limite de R$ 6 milhões. O teto para cada projeto financiado é de R$ 1,5 milhão. Esse montante se refere apenas à parcela que não será paga ao banco. O Procult tem orçamento de R$ 175 milhões até 2008.
Uma das exigências do BNDES é que o produto tenha garantia de exibição no Brasil em TV aberta, a cabo ou pública. A expectativa é que a procura por financiamentos cresça ainda mais com a entrada da TV pública, que terá 40% de programação independente.


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