São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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CONEXÃO POP

AC/DC e tradicionalismo


Novo disco da banda é um fenômeno de vendas no mundo; festival Planeta Terra acontece em São Paulo

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

EM TEMPOS de pirataria, de troca de arquivos de MP3, o que diz o senso comum? Diz o senso comum que uma banda hoje deve tentar empurrar seus discos de todas as maneiras possíveis: em lojas de discos independentes, em grandes supermercados, em lojas pela internet, em promoções com companhias de telefonia celular.
Mas aí vem o AC/DC e vai contra o que diz o senso comum. E torna-se um dos maiores sucessos do ano na música pop.
É impressionante o que está acontecendo com o AC/DC, banda com 35 anos de carreira (sim: mais de três décadas; em 1973, eram um dos pioneiros do hard rock) mas que parece ter atingido seu ponto alto com o lançamento de "Black Ice".
O disco, o 15º do grupo australiano, começou a ser vendido nos EUA em 20 de outubro -e apenas na rede de lojas Wal-Mart. Suicídio comercial? Pelo contrário: o álbum já vendeu mais de 1,7 milhão de cópias e está desde então no primeiro lugar da parada americana. Mais: chegou ao topo do chart em 29 países.

 

"Black Ice" não pode ser encontrado na internet. A banda não libera suas músicas para serviços como o iTunes -o vocalista Brian Johnson chegou a dizer que o iTunes iria "matar a música".
Mas o videogame não vai matar a música. Tanto que o AC/DC fez um acordo com o "Rock Band" em que liberou 18 de suas músicas para o game. Não é pouca coisa -o "Rock Band" é dos maiores sucessos recentes da indústria do entretenimento: já vendeu mais de 6 milhões de unidades e faturou cerca de US$ 600 milhões nos EUA.
Essa idolatria pelo AC/DC não é nova. Desde 1991, a banda vendeu 26,4 milhões de álbuns nos EUA, atrás apenas dos Beatles -estão na frente, por exemplo, dos Stones.
"Black Ice" aparece oito anos após o disco anterior, tempo que ajuda a motivar expectativa. Mas só isso não explica o sucesso comercial do álbum. Arrisco dizer que uma razão são a fidelidade e o tradicionalismo dos fãs de heavy metal -muito mais do que no indie rock, na eletrônica, no hip hop. O AC/DC é banda com estrada longa, algo que sempre foi respeitável no gênero. E não importa que "Black Ice" não traga nada nem remotamente original ou nenhuma grande canção -o que importa é encontrar o conforto dos riffs de Angus Young e da voz anasalada de Brian Johnson. Mesmo que eles fiquem longe dos melhores momentos do AC/DC.
 

Tem Planeta Terra neste final de semana. O festival já está com ingressos esgotados (15 mil) e mostra ser dos eventos mais aguardados do ano no calendário pop. Por que tanta expectativa? Porque o preço está relativamente barato e porque a edição do ano passado teve estrutura boa.
Em São Paulo, não precisa muita coisa para atrair público. É só fazer o feijão-com-arroz.

thiago@folhasp.com.br


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