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SHOWS
Lulu Santos traz 'semi-rave' a São Paulo
da Reportagem Local
"Não estou querendo me montar, dizer que meu espetáculo é
uma rave", afirma Lulu Santos,
44. Mas essa é a novidade do show
único que ele faz hoje em São Paulo. Após sua apresentação, o Galpão da Fábrica se transforma em
palco de uma festa com quatro
DJs, drum'n'bass, jungle, trip hop
e outros "ritmos do momento".
"Estamos meio que apresentando esse lugar como espaço de
shows", diz Lulu. "O show de lançamento do CD 'Liga Lá' seria só
em março, mas achei estúpido esperar até lá. É uma produção grande, mas de muito som e muita luz.
Não tem nada figurativo."
É a primeira vez que o artista expõe a São Paulo o investimento em
ritmos tecno de ponta, característica principal de "Liga Lá" (afora
apresentação rápida na MTV).
Ele explica como se transpõe a
parafernália sonora de disco para
show: "Transpõe transpondo.
Não há mistério, o mistério é só
aparente. 'Ando Meio Desligado' é
baseada no set-up da Björk, um
playbackinho elegante. Tocamos
extremamente bem acústico, elétrico e sequenciado".
Para preservar o espírito dançante, deixa de fora do show clássicos de MPB que acaba de regravar,
como "Chico Brito" e "Dê um
Rolê". A versão tecno de "Fé Cega, Faca Amolada", porém, está lá
-"é a surpresa do show".
De "Liga Lá", entram também o
hit da novela das seis "Hyperconectividade", a já citada "Ando
Meio Desligado", a hispânica
"De Mi", "Eu Sou Outro Você",
"La Danza del Tezcatlipoca Rojo"
e "Tempo/Espaço".
Essa última perde a orquestra
conduzida pelo maestro Rogério
Duprat. "Já que não dá para fazer
a orquestra, coloco só um acordeão. Mas a orquestra aparece em
fita digital, no começo do show."
A dúvida do repertório novo é
"Kryptonita". "Essa eu tiro e boto, conforme possa ou não dar
uma alugadinha no público." A
"alugadinha" é compensada com
farto painel de obra. Lulu promete
21 sucessos lançados em 15 anos.
Ele não abre se faz ou não releituras tecno dos hits. "Estou menos
mico de realejo, menos oferecido,
talvez mais íntegro." Mas dá uma
pista: "'Condição' foi refeita sobre uma base do Kraftwerk".
Lulu defende sua presente inclinação a jungle e drum'n'bass.
"São fenômenos de emergência
de contingentes de base. É igual à
cena funk carioca, guardadas as
diferenças. O que é interessante e
chique é o preto pobre."
Ele emenda: "A apropriação do
David Bowie é assassina. Ele desentende, usa como acessório. O
drum'n'bass quer ter cheiro de jazz
do futuro, quer eliminar a guitarra
elétrica".
Tenta provar ao vivo, hoje, a diferença entre as versões 97 de David Bowie e Lulu Santos.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Show: Liga Lá
Artista: Lulu Santos
Onde: Galpão da Fábrica (R. Tagipuru,
1.008, Barra Funda, tel. 011/262-0552)
Quando: hoje, às 21h
Quanto: R$ 20
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