São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS

Rio de Janeiro é tema de exposição que começa hoje no Instituto Moreira Salles, na capital fluminense

Olhar estrangeiro guia "Viagens Tropicais"

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

O tempo em que o Rio de Janeiro era parada obrigatória para artistas e pesquisadores viajantes é tema de uma exposição e dois livros que serão lançados nos próximos dias na cidade. O olhar estrangeiro está representado num balaio de delírio tropical, rigor científico e denúncia social.
O Rio paradisíaco e ao mesmo tempo cruel para os escravos está na exposição "Viagens Tropicais", que será aberta hoje no Instituto Moreira Salles, na Gávea (zona sul do Rio de Janeiro).
A exposição é dividida em três mostras. A primeira chama-se "Gravuras do Novo Mundo" e traz 15 gravuras e cinco mapas do começo do século 17. O material foi produzido pelo cartógrafo holandês Arnold Montanus.
"O curioso nessa iconografia é que, embora houvesse uma preocupação com o rigor científico dos mapas, existe toda uma presença do imaginário e da fábula", afirma o curador Antônio Fernando De Franceschi, diretor do Instituto Moreira Salles.
Franceschi destaca como curiosidade o fato de o cartógrafo ter trabalhado a partir do ponto de vista de alguém que está no mar, mas num lugar elevado.
"Isso só seria possível se ele estivesse no alto de um morro, numa ilha. Mas é evidente que se trata de uma fantasia", afirma. "Esses mapas refletem a conjunção da cartografia com as artes plásticas."
Além do Rio, há outras cidades retratadas, como Olinda, e curiosidades como Havana e Nova York, então Nova Amsterdã.
A segunda mostra é dedicada ao dinamarquês Paul Harro-Harring, que veio ao Rio em 1840, quando produziu 24 aquarelas e um óleo para a série "Esboços Tropicais do Brasil". Harro-Harring também era poeta, romancista e um revolucionário apaixonado por causas libertárias.
No Rio, Harro-Harring preferiu se dedicar ao registro da exploração dos escravos, deixando em segundo plano a cidade como paisagem idílica. O dinamarquês é o oposto de Charles Landseer, principal nome da terceira mostra, a "Highcliffe Album". Landseer esteve no Rio em 1825 e 1826, acompanhando a missão oficial britânica cujo objetivo era negociar os termos de independência do Brasil em nome de Portugal.
Aqui, Landseer realizou 300 ilustrações e ganhou outras 43 de artistas estrangeiros que já estavam no Brasil: o francês Jean-Baptiste Debret e os ingleses William Burchell e Henry Chamberlain. O conjunto ficou conhecido como "Highcliffe Album". A exposição seleciona 23 aquarelas e desenhos desse acervo.
Para sua filial paulistana, o Instituto Moreira Salles preparou a mostra "Rio de Janeiro 1825-1826", com 32 peças, também do "Highcliffe Album", sobretudo com obras de William Burchell.

Exposição: Viagens Tropicais
Quando: de ter. a dom., das 13h às 20h
Onde: Instituto Moreira Salles (r. Marquês de São Vicente, 476, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/21/512-6448)
Quanto: entrada franca


Exposição: Rio de Janeiro 1825-1826
Quando: quinta, vernissage às 21h, de ter. a sex., das 13h às 20h; sáb. e dom., das 13h às 18h
Onde: Instituto Moreira Salles (r. Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/3825-2560)
Quanto: entrada franca



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