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TELEVISÃO
'Fantasia' seduz com mulheres e dinheiro
LUÍS PEREZ
da Redação
Brincadeiras do programa "Bo
zo", sensualidade de "Cocktail"
-só que sem os seios de fora- e
muita bagunça no cenário-ilha
que reúne 70 garotas de 14 a 22
anos, mais as quatro apresentado
ras, em um clima tropical.
Assim é o programa "Fantasia",
que estreou segunda no SBT e su
perou as expectativas -na terça,
com 16 pontos no Ibope, encostou
na Globo, que tinha 17. Cada ponto
no Ibope equivale a 80 mil teles
pectadores na Grande São Paulo.
"Fizemos uma festa na terça.
Também, a um programa que reú
ne dinheiro, mulheres e ligações
gratuitas, quem resiste?", pergun
ta o diretor Paulo Santoro, 44.
No terceiro dia, porém, a au
diência caiu para 9 pontos. Moti
vo: devido a uma pane na Telesp, o
SBT teve de deixar de receber para
fazer ligações a telespectadores.
"Moramos em um país que não
tem estrutura", reclama o diretor.
"Talvez troquemos para um dis
que 900, pago, mas com resposta
de prêmios. Estamos tentando so
lucionar o problema."
A disputa é tanta que até João
Paulo, filho da apresentadora do
programa Débora Rodrigues -a
sem-terra que ficou famosa por
posar nua para a "Playboy"- já
"está com o dedo roxo" de ligar.
"Ele não é bobo", diz ela, se refe
rindo às garotas do programa -a
maioria modelos de agências-,
que leva ao ar, além de brincadei
ras como as dos anos 80, época do
palhaço Bozo, perguntas do tipo:
"O que têm em comum Xuxa e
Adriane Galisteu?" (duas "ex" de
Senna). Até quarta, ninguém havia
acertado.
Nesses casos, os prêmios (de R$
100 a R$ 500) se acumulam. "Te
mos de imaginar coisas que não fa
çam as pessoas pensarem muito",
diz Santoro. Para ele, é "terrível"
dirigir 70 garotas. "Dizer que é
uma maravilha não é verdade. Ha
rém só dá certo em filme."
Outra que fala da bagunça das
garotas é a camareira Agnes Sato,
51 anos, sete de SBT. "Cuido de
todas. Algumas largam tudo pelo
caminho, ainda precisam da mãe."
As meninas -50 contratadas e
20 figurantes- ganham R$ 618
por mês e são de várias cidades do
Brasil, muitas do interior de São
Paulo, como Taubaté, São José dos
Campos e São Vicente.
Algumas apresentam jogos. Mas
a maioria dos quadros é protago
nizada pelas apresentadoras
-além de Débora, há Adriana Co
lin, Valéria Balbi e Jackeline Petro
vic, a mais nova, com 17 anos.
O diretor do programa também é
contrário à apelação. "A gente não
quer forçar a barra. Tanto é que te
mos quadro com crianças."
Um dos problemas do progra
ma, dirigido principalmente ao
público adolescente, é a grande
quantidade de erros de português
no karaokê (vinhetas em que apa
recem as garotas cantando).
Na última quarta, o programa foi
ao ar com a letra das músicas gra
fando "estrela" com acento cir
cunflexo no segundo "e", "vazio"
com "s", "lambuzar" como "en
lanbusar", além da frase "daria o
mundo à você" (o certo é "a vo
cê", sem sinal indicador de crase).
"Isso chega pronto de uma em
presa coreana. Já vimos o proble
ma. Vamos trocar imediatamen
te", diz o diretor Paulo Santoro.
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