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DISCOS/LANÇAMENTOS
No país pela primeira vez em versão digital, álbuns mostram como o grupo assentou os tijolos do hard rock
Distorções do Grand Funk chegam ao CD
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinquentões vão abrir um sorriso de orelha a orelha. Já as novas
gerações, que muito provavelmente jamais ouviram falar de
Grand Funk Railroad, terão agora
a chance de ouvir, remasterizada,
parte da discografia original do
power trio que assentou os primeiros tijolos do que viria a ser o
hard rock e seu primo punk, o
heavy metal.
Gravados em um impressionante intervalo de um ano, entre
1969 e 1970 -dois anos depois a
banda lançaria outros quatro-,
"On Time", "Grand Funk", "Closer to Home" e "Live Album" ganham pela primeira vez no Brasil
versão em CD, com encartes ilustrados e enriquecidos com uma
série de entrevistas e curiosidades
sobre o grupo formado em 1968
pelo vocalista Mark Farner, o baterista Don Brewer e o baixista
Mel Schacher, em Flint, cidadezinha industrial ao norte da não
menos rock'n'roll Detroit, berço
de MC5 e Stooges.
Ainda que tenham vendido menos do que seus sucessores na década de 70, até um pouco menos
"consistentes" que estes, "On Time" e "Grand Funk", produzidos
com um intervalo de seis meses
entre um e outro, servem no mínimo para dar uma idéia do barulho e -os ídolos de então eram
Hendrix e Janis Joplin- do potencial pop do Grand Funk Railroad. Para quem gosta de blues,
distorção e bateria, esses discos
são, certamente, obrigatórios.
Sintonizado com o espírito libertário da época, dos acordes inconfundíveis de "Born to Be
Wild" (Steppenwolf), o Grand
Funk já passava os mesmo recados um ano antes, com "Are You
Ready", "High in a Horse" e "Into
the Sun", gravados em "On Time"
ao lado do épico meloso "Heartbreaker" e da psicodelia experimental de "T.N.U.C." (com direito a um solo de bateria de "meia
hora" de Don Brewer).
Contemporâneo mais blueseiro
e afeito ao improviso do que o
Black Sabbath, o Grand Funk
compôs também a sua "Paranoid", que viraria bolacha no final
de 69 no álbum "Grand Funk",
conhecido por alguns como o
"Red Album" (álbum vermelho)
da banda. O climão sombrio dos
vocais, o baixo cavalgado e os pedais wah-wah não deixam dúvidas de por que ambas as bandas
merecem um lugar lá no alto da
árvore genealógica de grupos que
viriam depois, como AC/DC,
Guns'n Roses, Kiss etc.
Pais do hard, primos do heavy,
o Grand Funk poderia ser lembrado aqui ainda como um dos
pioneiros de outro gênero usado
na sempre falha tentativa de classificar as bandas de metal: o "arena rock", rótulo colado àqueles
grupos que, acima de tudo, funcionam muito melhor em cima de
um palco. Originalmente um disco duplo, "Live Album", que
compila canções de "On Time",
"Grand Funk" e "Closer to Home", é o melhor dos lançamentos
que chega nesta leva ao Brasil.
Responsável por elevar o trio ao
posto número 5 da lista da revista
"Billboard", o registro ao vivo de
dois ou três shows da turnê do verão de 70 do Grand Funk vendeu
por volta de 1 milhão de títulos na
época e garantiu o sucesso mercadológico da banda por pelo menos outros dois anos, período que
viu o lançamento de "E Pluribus
Funk", "Phoenix" e do clássico de
1973 "We're an American Band",
também reeditados recentemente
pela Capitol americana e que devem chegar ao Brasil neste ano
pela EMI.
Batizada sobre o nome da estrada de trem Grand Trunk Railroad, a mesma em que o pai do
vocalista Mark Farner foi morto
em um acidente de carro, a banda
decidiu encurtar definitivamente
o seu nome para Grand Funk, em
1973, logo após a entrada do tecladista Craig Frost.
Em 1976, tendo emplacado mais
alguns hits, como "Loco-Motion", e trabalhado ao lado de
Frank Zappa, o grupo se separou,
voltando para apresentações esporádicas durante os anos 80 e 90
e gravando alguns discos de pouca relevância. Farner, definitivamente afastado do Grand Funk,
continua a se apresentar pelos
EUA em favor de causas cristãs e
beneficentes. Escute o velho.
ON TIME (1969), GRAND FUNK (1969),
CLOSER TO HOME (1970) e LIVE
ALBUM (1970). Reedições masterizadas
com faixas bônus. Artista: Grand Funk
Railroad. Gravadora: EMI. Quanto: R$ 29.
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