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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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TEATRO

Novo "Os Executivos" segue tema das origens da classe dominante apresentado na peça "Major Bárbara" em 2001

Após os excluídos, Tapa volta-se para os que excluem

DA REPORTAGEM LOCAL

Eduardo Tolentino conta que "Les Directeurs" (aqui "Os Executivos"), texto do ator, encenador e dramaturgo francês Daniel Besse, caiu como luva no repertório recente do Tapa. A peça foi indicada pela atriz Tereza Raquel, que assistiu a uma montagem em Paris.
A nova produção do grupo, que pré-estréia hoje em São Paulo, alinha-se ao tema das origens da classe dominante, que começou a ser tratado em "Major Bárbara" (2001), peça até então inédita no país, na qual o irlandês George Bernard Shaw mostra como a burguesia vitoriana conjugava, sem vergonha, dinheiro e pólvora entre os séculos 19 e 20.
No ano passado, "A Importância de Ser Fiel", do também irlandês Oscar Wilde, expôs a mesquinhez e o jogo de interesses num plano microcósmico, familiar. Agora, o grupo apresenta um texto contemporâneo, de virada de século, sob perspectiva mais universal, compara Tolentino.
"Já fizemos muitas peças sobre os excluídos. Chegou a vez de falar dos que excluem", afirma o diretor. Assim como montou "Navalha na Carne" (1998), de Plínio Marcos, no teatro Aliança Francesa, localizado na chamada boca do lixo, em São Paulo, o grupo sente-se à vontade para levar "Os Executivos" ao palco nobre de um condomínio empresarial, o Promon, no Itaim Bibi.
Pode-se mostrar ali um repertório com peças de câmara, despojadas, como "A Quarta Irmã", do polonês Janusz Glowacki, que ganhou leitura pública em 2002.
Depois que deixou a Aliança Francesa, em reformas (sua sede entre 1986-2001), o Tapa já rodou por pelo menos oito teatros de São Paulo, itinerância que lhe rendeu contato com públicos distintos e mais maturidade. Dia 14 "A Importância de Ser Fiel" retorna ao cartaz no Sérgio Cardoso, na Bela Vista. Serão dois elencos em temporadas simultâneas, jogo de cintura conquistado em quase 24 anos de história.
A gênese para a sigla do grupo, Teatro Amador Produções Artísticas, remete justamente à fase amadora, no Rio, entre 1974-79. O Tapa se profissionalizou em 79, com a montagem de "Apenas um Conto de Fadas", texto e direção de Tolentino. Chris Couto, atriz que participou daquela produção carioca e da primeira montagem paulista, em 1986 ("O Tempo e os Conways", de J.B. Priestley), e se afastou depois para trabalhar na MTV, retorna em "Os Executivos" e como que costura os movimentos da trajetória do Tapa.
Entre 1994 e 2001, o grupo investiu na dramaturgia nacional no Panorama do Teatro Brasileiro (1994-2001), projeto que montou oito peças de autores como Artur e Aluísio Azevedo, Martins Penna, Oduvaldo Vianna Filho, Nelson Rodrigues e Plínio Marcos.
(VALMIR SANTOS)


OS EXECUTIVOS - De: Daniel Besse. Tradução: Clara Carvalho. Direção: Eduardo Tolentino. Com: grupo Tapa (Igor Zuvella, Waleska Pontes e outros). Onde: teatro Espaço Promon (av. Juscelino Kubitschek, 1.830, Itaim Bibi, São Paulo, tel. 0/xx/11/3847-4111). Quando: pré-estréia hoje, para convidados; estréia amanhã; qui. e sáb., às 21h; sex., às 21h30; e dom., às 19h. Quanto: R$ 10 (qui., preço único) e R$ 30. Patrocínio: BR Distribuidora.


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