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TEATRO
Novo "Os Executivos" segue tema das origens da classe dominante apresentado na peça "Major Bárbara" em 2001
Após os excluídos, Tapa volta-se para os que excluem
DA REPORTAGEM LOCAL
Eduardo Tolentino conta que
"Les Directeurs" (aqui "Os Executivos"), texto do ator, encenador e
dramaturgo francês Daniel Besse,
caiu como luva no repertório recente do Tapa. A peça foi indicada
pela atriz Tereza Raquel, que assistiu a uma montagem em Paris.
A nova produção do grupo, que
pré-estréia hoje em São Paulo, alinha-se ao tema das origens da
classe dominante, que começou a
ser tratado em "Major Bárbara"
(2001), peça até então inédita no
país, na qual o irlandês George
Bernard Shaw mostra como a
burguesia vitoriana conjugava,
sem vergonha, dinheiro e pólvora
entre os séculos 19 e 20.
No ano passado, "A Importância de Ser Fiel", do também irlandês Oscar Wilde, expôs a mesquinhez e o jogo de interesses num
plano microcósmico, familiar.
Agora, o grupo apresenta um texto contemporâneo, de virada de
século, sob perspectiva mais universal, compara Tolentino.
"Já fizemos muitas peças sobre
os excluídos. Chegou a vez de falar dos que excluem", afirma o diretor. Assim como montou "Navalha na Carne" (1998), de Plínio
Marcos, no teatro Aliança Francesa, localizado na chamada boca
do lixo, em São Paulo, o grupo
sente-se à vontade para levar "Os
Executivos" ao palco nobre de um
condomínio empresarial, o Promon, no Itaim Bibi.
Pode-se mostrar ali um repertório com peças de câmara, despojadas, como "A Quarta Irmã", do
polonês Janusz Glowacki, que ganhou leitura pública em 2002.
Depois que deixou a Aliança
Francesa, em reformas (sua sede
entre 1986-2001), o Tapa já rodou
por pelo menos oito teatros de
São Paulo, itinerância que lhe rendeu contato com públicos distintos e mais maturidade. Dia 14 "A
Importância de Ser Fiel" retorna
ao cartaz no Sérgio Cardoso, na
Bela Vista. Serão dois elencos em
temporadas simultâneas, jogo de
cintura conquistado em quase 24
anos de história.
A gênese para a sigla do grupo,
Teatro Amador Produções Artísticas, remete justamente à fase
amadora, no Rio, entre 1974-79. O
Tapa se profissionalizou em 79,
com a montagem de "Apenas um
Conto de Fadas", texto e direção
de Tolentino. Chris Couto, atriz
que participou daquela produção
carioca e da primeira montagem
paulista, em 1986 ("O Tempo e os
Conways", de J.B. Priestley), e se
afastou depois para trabalhar na
MTV, retorna em "Os Executivos" e como que costura os movimentos da trajetória do Tapa.
Entre 1994 e 2001, o grupo investiu na dramaturgia nacional
no Panorama do Teatro Brasileiro
(1994-2001), projeto que montou
oito peças de autores como Artur
e Aluísio Azevedo, Martins Penna, Oduvaldo Vianna Filho, Nelson Rodrigues e Plínio Marcos.
(VALMIR SANTOS)
OS EXECUTIVOS - De: Daniel Besse.
Tradução: Clara Carvalho. Direção:
Eduardo Tolentino. Com: grupo Tapa
(Igor Zuvella, Waleska Pontes e outros).
Onde: teatro Espaço Promon (av.
Juscelino Kubitschek, 1.830, Itaim Bibi,
São Paulo, tel. 0/xx/11/3847-4111).
Quando: pré-estréia hoje, para
convidados; estréia amanhã; qui. e sáb.,
às 21h; sex., às 21h30; e dom., às 19h.
Quanto: R$ 10 (qui., preço único) e R$ 30.
Patrocínio: BR Distribuidora.
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